Declaração de voto
De supetão uma senhora me perguntou em quem pretendo votar no domingo. Respondi a ela que ainda não me decidi. Então a senhora reconheceu que realmente está difícil. Disse que Dilma representa a continuidade da corrupção que todo mundo está vendo, embora ela auxilie os pobres. Aécio, segundo ela, é um ex-viciado que se negou a fazer o teste do bafômetro.
Como se vê a troca de “gentilezas” entre os candidatos e o emporcalhamento da propaganda faz vítimas. Muita gente comparecerá às urnas para uma desforra contra o que considera errado. Nada de pensar a respeito dos problemas do país, a estagnação da economia, a inflação crescente, o absurdo da saúde, o escândalo da violência crescente, a crise da água, o pibinho, enfim toda sorte de coisas que afetam diretamente o nosso dia-a-dia.
Aqui se realiza um esforço para dividir o país em ricos e pobres, em nordeste e sudeste etc. O que não se fala é sobre a riqueza e a pobreza das nações. Nessa história de comunidade internacional ainda pertencemos ao time dos primos pobres. Pode-se passar a noite inteira discutindo as nuances do embate capitalismo X socialismo, mas nada se resolverá sem algum bom senso. De modo que todo esse palavrório, as verdades e as mentiras, a agressividade desmedida, a eloquência dos discursos, tudo isso simplesmente não nos acena com aquilo que de fato será melhor para todos nós em futuro próximo.
Eleição entre nós funciona como uma espécie de Fla X Flu no qual a paixão fala mais alto que a razão. No domingo até parece que as duas agremiações em luta - PT e PSDB - comparecerão a uma arena, vestidos com armaduras e lanças para um embate no qual só um sairá vivo. Se o PT ganhar o PSDB continuará com a oposição de sempre; caso vença o PSDB o PT se comportará como o mais aguerrido opositor de todos os tempos.
O fato é que no domingo a vida de muita gente ligada a cargos públicos estará na berlinda. Como sempre acontece muita gente teme voltar compulsoriamente para os lugares de origem caso a situação seja derrotada. Nesse caso outras pessoas ocuparão esses espaços até a possível degola numa outra eleição. Mas, assim é o mar, assim vivem os peixes.
De modo que não pretendo me confessar a respeito do meu voto. Se algo posso dizer é que pela primeira vez na vida me recusei a assistir aos debates entre os presidenciáveis dado já não ter vocação para ouvir achincalhamentos mútuos.
O que falta nesse Brasil de hoje é gente a altura dos cargos públicos. Você não acha?