Três dias depois
Encontro pessoas ainda inconformadas com o resultado da eleição presidencial. Hoje, pela manhã, uma senhora me disse que está de luto pela derrota do Aécio. Estávamos no elevador e eu não soube o que dizer a ela. Acenei com a cabeça e ficamos assim.
Não acompanhei a apuração. Não liguei televisão e rádio e não acessei a internet. Vima saber do resultado - que ignorei - só na segunda-feira. Ainda assim me neguei a ler os jornais do dia. Enfim, me poupei. Gostaria muito que pessoas evitassem falar comigo sobre o assunto. Sendo isso impossível o jeito é ouvir e apelar para respostas vagas.
Um amigo me ligou para dizer que está cansado de ser brasileiro. Quase perguntei a ele se para isso contribuíra a eleição de domingo. Mas, fiquei de boca fechada. Não nego que depois do telefonema me perguntei se também eu não andava cansado de ser brasileiro. Conclui que o fardo é de fato pesado, mas ainda não, afinal o Brasil é o Brasil.
Vejo que na mídia muita gente repete que o país é um só. Seria falsa a ideia de que a eleição provocou um grande racha no país. Tanto repetem que deixam claro a preocupação. A sociedade está rachada? Ninguém sabe, só o futuro dirá.
Se eu tivesse que dizer alguma coisa sobre a última campanha política seria afirmar que os candidatos exageraram. Em algumas ocasiões ouviu-se declarações que beiraram a irresponsabilidade.
O cansaço em relação ao Brasil é um perigo a ser evitado. Há tanta coisa fora de ordem, tantas inverdades nos discursos e tantos absurdos que periga chegar uma hora na qual o cidadão se arrependa de ser brasileiro. Desinteressar-se pelo resultado de uma eleição na qual se elege o presidente da República talvez seja um começo disso.