O tal bolivarianismo
A gente até que tenta ficar à margem das discussões pós-eleições. Encontra-se na mídia jornalista afirmando que não adianta negar pois o país está mesmo rachado ao meio. A presidenta governaria metade, não o país inteiro. Tanto plantaram a divisão que ela acabou acontecendo. Li a palavra “secessão” num dos artigos publicados na “Folha de São Paulo” embora o articulista se apressasse em dizer que não se tratava de guerra.
De repente surge a história do bolivarianismo, perigo de copiar a nossa vizinha Bolívia. Hugo Chávez morreu e Maduro governa um país em maus lençóis. Não há nada a se comparar entre a democracia brasileira e a situação venezuelana. Mas, então, por que se falar em bolivarianismo?
Quem levanta a lebre é o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Ele avisa de que até o final do ano que vem o STF possa vir a ser constituído apenas por ministros nomeados pelos governos petistas. Um STF cordial, favorável ao governo, talvez manipulável segundo os interesses da chefe de Estado?
O diabo é que não há como passar ao largo de uma coisa dessas. Quem está falando em bolivarianismo não é um sujeito qualquer, sentado à mesa de um bar, entre um chope e outro. Quem avisa é um ministro do STF o qual - supõe-se - sabe das coisas. Aliás deve saber do que não sabemos.
Pois é. Não se nega que o momento é propício a exageros. Dá-se valor exagerado a propostas de radicais do PT como essa de controlar a mídia e criar um jornal que espalhe as boas notícias do governo. Fala-se sobre isso como perigo iminente e risco para democracia. Sinceramente, é difícil que o país aceite retrocesso tão grande. Aí sim o tal racha pode acontecer e o povo sair às ruas em manifestações avassaladoras. Ninguém é burro ou tão radical a ponto de cutucar a onça com vara curta.
Mas, o ministro Gilmar Mendes? Não dá para imaginar que ele tenha falado sobre o bolivarianismo só por falar ou para jogar lenha na fogueira?