O 21 de abril
Aprendemos nas escolas que a Inconfidência Mineira, ocorrida em 1789, foi um movimento ligado às idéias de liberdade e república daí ser relacionar-se com o processo de independência do Brasil. A historiografia recente tem preferido colocar como questão mais importante do movimento a perda de privilégios pela população abastada da capitania de Minas Gerais. Assim, mais que uma revolta contra a tirania da Coroa portuguesa que impôs taxação excessiva sobre os produtos da mineração, o movimento inconfidente traduziu-se na reação de uma elite contra seus interesses ameaçados.
Como se sabe, o movimento fracassou. Os inconfidentes foram presos, alguns deles deportados e Tiradentes (Joaquim José da Silva Xavier) tornou-se mártir ao ser morto e esquartejado em praça pública.
A partir de 1870, com o início da campanha republicana, iniciou-se a construção do mito de Tiradentes sendo rendido culto cívico a ele . A proclamação da República, em 1889, abriu espaço para a busca de um herói para novo regime. Nenhum dos republicanos de primeira hora – Deodoro da Fonseca, Benjamin Constant, Floriano Peixoto e alguns outros – preenchia os requisitos de verdadeiro herói. Foi assim que se buscou no movimento inconfidente aquele que se tornaria o herói nacional. De fato, já em 1890 declarou-se feriado o dia 21 de abril em homenagem a Tiradentes e assim é até hoje.
O ensaio “Tiradentes, um herói para a República” de autoria do Prof. José Murilo de Carvalho esmiúça a construção do mito de Tiradentes. São interessantes as observações sobre como, à falta de uma fotografia de Tiradentes, foi-lhe atribuído aspecto semelhante ao de Cristo, realçando-se suas características de mártir e herói nacional.