Mundo cão
se lembre disso. Pois o mundo continua louco, ao ritmo de um gigantesco caminhão descendo ladeira abaixo, sem freio. Não se pode apagar o passado daí as raízes profundas que governam atos insanos no presente. Dá no que dá.
Finjo que não é comigo toda vez que ouço notícias sobre guerras e catástrofes. Irã, Paquistão, Iraque, Síria… Que enorme confusão, etnias que não se entendem, extremismo, terrorismo, guerras, enfim toda sorte de acontecimentos lamentáveis cujo corolário sempre é grande número de vítimas.
Ao que parece o horror não tem fim. Eis que ontem seis talibãs invadiram uma escola no Paquistão e mataram 145 pessoas, quase todas elas estudantes, menores de idade, crianças. Entraram atirando, matando ao acaso, conforme a descrição de sobreviventes. A maioria dos alunos da escola tem pais militares. Por que? Para que o exército sentisse o que é perder um ente querido, assim como acontece aos talibãs quando atacados. Vingança por combatentes mortos em ataques do exército. Punição de inocentes por vingança.
Simples assim. Um horror premeditado movendo um ataque suicida dado que os seis atacantes foram mortos. O ataque impressionou o mundo. Crime contra a humanidade - afirmou-se. Mesmo países adversários do Paquistão vieram a público para condenar o ataque terrorista.
De repente entra no vídeo a imagem da jovem paquistanesa detentora do Prêmio Nobel. Malala Yousafza condena o ataque. Ver a ela que foi atacada por desafiar o impedimento de mulheres a estudar restitui-nos parte da confiança nos seres humanos. Mas, apenas parte. Nenhuma explicação lógica, nenhuma lágrima, nada contribui para disfarçar a vergonha de reconhecer entre os nossos semelhantes a presença de indivíduos capazes de praticar tamanha atrocidade.
Dirão que os terroristas que atacaram a escola não eram nossos semelhantes. Eram sim, infelizemte, não se enganem quanto a isso.