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Voltagens humanas

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Conhecidos filósofo diverte-se ao responder a um repórter sobre a necessidade de certos humanos cada vez mais entesourarem dinheiro. Perguntava o repórter sobre o que faz alguém que já roubou milhões seguir roubando. Se o sujeito já conseguiu muito mais do que seria capaz de gastar durante sua vida inteira por que roubar mais?

As causas desse apetite insaciável serão muitas. Para o filósofo trata-se de uma fome invencível. Cita ele pessoas que enriqueceram e continuam a trabalhar cada vez mais, embora não seja preciso. Quanto aos roubos lembra de que roubar envolve compulsões difíceis e até impossíveis de controlar. Acrescenta que se o homem vivesse sem leis, sem barreiras, acabaria se entregando às facilidades e ao crime.

Assunto controverso. Entretanto, a pergunta do repórter é pertinente. Caramba, pra que roubar tanto? Hoje mesmo foram presos na Europa seis membros da FIFA envolvidos em desvios milinários. Um brasileiro proprietário de empresas ligadas ao esporte concordou em devolver U$ 151 milhões - isso mesmo, cento e cinqüenta e um milhões de dólares, ou seja, pouco mais de R$ 475 milhões - mais delação premiada em troca de não ser preso. Entre os homens da FIFA presos hoje está o ex-presidente da CBF.

A notícia nada mais é que seguimento de uma avalanche de informes sobre roubos de enormes quantias. Propinas, desvios etc fazem parte do cotidiano. A incrível roubalheira da Petrobrás mais  parece um saco sem fundo ao qual todo dia se acrescentam mais e mais milhões.

Interessados politicamente têm comparado as atitudes dos grandes ladrões da República a pequenos atos a que estamos expostos. Quando você diminui a velocidade de seu carro no radar depois de trafegar acima do permitido estaria cometendo uma infração do mesmo porte dessa turma de ladrões. O que interessaria é o ato de cometer a infração, não importando a dimensão dela. O homem faminto que rouba um litro de leite para o filho seria tão criminoso quanto o que desvia milhões. Ou seja, para todo mundo o que falta é a oportunidade. Se você pudesse por a mão nuns milhõeszinhos sem que ninguém percebesse, não faria isso?

É possível que arrazoados assim possam convencer muita gente. A distinção entre o certo e o errado cada vez mais se embaralha na cabeça das pessoas. Mas, não custa lembrar de que nem todo mundo é bandido. Aliás, proporcionalmente o número de bandidos é diminuto.

Cada ser humano tem a sua voltagem.

Escrito por Ayrton Marcondes

27 maio, 2015 às 2:14 pm

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