Cena na padaria at Blog Ayrton Marcondes

Cena na padaria

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Entro na fila do caixa para pagar o pão. Na minha frente um homem pardo, cinqüenta e poucos anos, mal vestido, nos pés um velho par de havaianas. Ele pede um maço de cigarros. O rapaz do caixa pega o maço mais barato, o homem enfia a mão no bolso e trás moedas que coloca sobre o balcão. O rapaz conta o dinheiro e diz:

- Não dá, está faltando…

- Mas esse é o preço…

- O senhor não sabe? Aumentou por causa do IPI.

- O IPI? Que IPI?

- O imposto - responde o rapaz. E arremata:

- O melhor é deixar de fumar.

O pobre homem sai da padaria sem os cigarros. Penso em intervir, ajudar com algumas moedas, mas o homem já vai longe, na calçada, atingido que foi por um raio desconhecido chamado IPI.

Tudo bem, o cigarro faz mal à saúde, o melhor é que ninguém fume, as leis cada vez mais restringem o espaço dos fumantes e não há mal algum em aumentar a tributação de um produto que deve ser banido. Isso tudo soa muito bem no atacado. Mas no varejo, ali no caixa da padaria, as coisas não são tão simples assim. De repente, um pobre coitado, o tal pardo que usa havaianas surradas e tem poucas moedas no bolso é impedido de levar o seu cigarrinho, quem sabe um dos raros prazeres na sua vidinha de pobre.

Toda essa desgraça por causa do tal IPI, quem diria.

Escrito por Ayrton Marcondes

26 abril, 2009 às 11:25 am

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Postado em Cotidiano



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