Fotos comparativas
Não sei com que intenção publicam-se fotos de pessoas quando jovens e de agora, lado a lado. Aquela moça que foi capa da revista Playboy há 30 anos hoje é essa senhora… A atriz que estrelou a novela das oito nos anos oitenta transformou-se na simpática avó da foto ao lado… A mocinha que se deixou fotografar nua e fez a alegria da moçada em 90 casou-se, tem três filhos e agora…
São sempre duas fotos, uma de antes no auge da beleza, outra atual depois de passados tantos e tantos anos. Você que adorava aquela mulher a quem todo dia via na telinha da TV pode se espantar ao vê-la envelhecida, embora conserve traços de sua antiga beleza.
O tempo passa, o tempo voa. Você que observa as fotos e vai clicando o mouse para ver as seguintes. Você olha com os olhos de ontem, embora talvez isso não passe pela sua cabeça. Talvez também não se dê ao trabalho de se lembrar de que o cara que está diante da beleza passageira também ele envelheceu, daí que o mais certo seria olhar para as senhoras da coluna da direita com a ternura do fã que compreende as regras inexoráveis da vida.
Amigos, a beleza é imortal. Devemos deixá-la no lugar onde se exibiu com máxima força, encantando os nossos olhos. Ingrid Bergman sempre será a maravilhosa mulher que contracenou com Bogart em Casablanca. As fotos de Bergman envelhecida em nenhum momento destoam da jovem atriz, mas não há que se colocá-las lado a lado como se a escrever um epitáfio. Trata-se, antes de tudo, de respeito pela beleza.
Se você tiver nas mãos um exemplar de “Manchete”, da década de 60 do século passado, poderá encontrar fotografias das “certinhas do Lalau” que faziam a alegria da moçada sequiosa. Pois as “certinhas” que para o gosto de hoje talvez fossem um pouco mais rechonchudas devem permanecer lá, no passado, quando tanto brilharam e emocionaram seus admiradores. Nada de serem ressuscitadas de décadas passadas para se constatar como ficaram. O mesmo se pode dizer das mulatas do Sargentelli, das chacretes do Chacrinha e tantas outras.
Mas, afinal, qual é mesmo o sentido de se exporem fotos comparativas entre o que uma mulher foi e o que se tornou no presente?