Hotel da morte at Blog Ayrton Marcondes

Hotel da morte

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Está na internet a notícia sobre hotel indiano que hospeda apenas pessoas que morrerão em duas semanas. O hotel fica perto do sagrado Rio Ganges, local onde os corpos são queimados após a morte.

O hotel Mukti Bhawan é conhecido como Casa da Libertação. Hospedar-se nele só para aqueles em estado terminal. Relata-se casos de pessoas que não morreram em duas semanas e tiveram que voltar outras vezes.

Mas, como prever ou definir a data da morte? Mesmo pacientes terminais podem se demorar a despedir-se desse mundo. Quem já passou noites em corredores de hospitais pode ter-se encontrado com senhoras que se dedicam a confortar pacientes graves e familiares.  Essas mulheres seguem de perto o período final dos doentes e adquirem certo trato com a proximidade da morte. Certa ocasião tínhamos parente em estado terminal, sofrendo muito, mas que se demorava a morrer. Aconteceu de uma senhora vir ao quarto e sugerir que fôssemos para casa. Segundo ela a nossa presença mantinha a ligação do doente que não queria deixar-nos. Dado o visível sofrimento acabamos por aceitar a sugestão e, de fato, pouco depois, o doente faleceu. Até hoje me pergunto sobre a eficácia da recomendação daquela senhora a quem nunca mais encontrei. Puro acaso?

A Califórnia acaba de sancionar lei que permite o suicídio assistido. Pacientes com previsão de morte em no máximo seis meses podem optar por injetar-se drogas que provoquem a morte. A permissão acontece depois do caso de uma californiana que mudou-se para o Oregon com a finalidade de suicidar-se. Era uma moça com câncer em fase terminal.

É de se imaginar o sofrimento de pessoas que se hospedam no hotel indiano, aguardando o momento da morte. Não se trata de um hospital e os pacientes carecem de acompanhamento especializado. Dirão que morre-se como sempre se morreu, nas casas, longe dos hospitais. Pois é, mas o problema é o sofrimento.



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