Alma de ator
Dizem que ator já nasce feito. Resta a ele mais tarde aprender e aprimorar-se no ofício. Na TV há um programa no qual atores são entrevistados. Falam sobre suas inclinações, hábitos e o ofício de ator. Alguns destacam a importância da participação em teatro onde realmente se aprende a arte de interpretar. Outros são predominantemente atores para telinhas ou telonas. A grande Sophia Loren, estrela de primeira grandeza no cinema, fará agora sua primeira participação numa peça de teatro. Isso aos 80 anos de idade.
É curioso ouvir atores. Há os que se preparam cuidadosamente para entrar em cena e os adeptos do improviso. Nem todos decoram bem os textos, mas alguns prendem-se a eles porque se perderiam caso não o tivessem.
De ator se exige boa memória e capacidade de interpretação. Beleza ajuda. Alain Delon está com 80 anos e ainda é considerado por muita gente ter sido o homem mais bonito do cinema. Verdade que padrão de beleza varia de acordo com a época. As atrizes que encantavam o público nas décadas de 20 e 30 do século passado deixaram suas imagens gravadas no celuloide. Ao vê-las em branco e preto nem sempre as achamos belas. E foram o que foram. Bebe Daniel era linda. Pola Negri, Joan Crawford, Greta Garbo… Mulheres maravilhosas.
O Brasil é celeiro de bons atores, alguns notáveis. Fosse inglês a língua falada aqui fariam parte da galeria dos grandes atores do cinema. Quem viu Paulo Autran no palco testemunhou a grandeza dele. Fernanda Montenegro. Tantos, tantas. A maioria atua nas novelas daí a enorme popularidade de que gozam.
Há atores que parecem passar a vida esperando pelo grande momento nas telas. Talvez seja esse o caso de Michael Keaton sempre presente em filmes de média envergadura como sua atuação como Batman. De repente Keaton surge magnífico no filme Birdman, de longe sua maior e mais inesperada performance no cinema.
Carreiras terminadas muito cedo como a de James Dean que deixou tantas saudades. Carreiras brilhantes como a de Marlon Brando, extraordinário ator que já não era tanto em seus últimos papéis. Mas, para todos é preciso ter a alma de ator. Representar, deixar de ser quem é para mostrar-se outro dentro da personagem encarnada. Talvez por isso, pela magia dos momentos, jamais nos esqueçamos de Gene Kelly cantando na chuva, de Humphrey Bogart no momento em que reencontra a maravilhosa Ingrid Bergman no bar em Casablanca e assim por diante. Trata-se de sonhos que nos acontecem embora acordados.