Tempos bicudos
Minha mãe tinha um jeito especial de reagir diante de crises ou situações desfavoráveis que nos atingiam. Ela dizia: poderia ser pior.
Esse “poderia ser pior” funcionava como uma irritante advertência. Longe de representar qualquer conformismo significava que deveríamos aprender com as desgraças e angariar forças para surpresas que a vida nos reservaria daí por diante. Era o jeito dela, mulher combativa, de nos dizer que o lugar da cabeça é no alto, erguida para enfrentar situações de qualquer natureza.
Essas lembranças retornam nessa manhã de 1º de maio, Dia do Trabalho, no momento em que leio nos jornais que gripe suína avança, a crise econômica mundial continua sem previsão de fim, a gigante Crhysler pede concordata e os índices de violência aumentam no Estado de São Paulo.
Se observarmos com mais cuidado o cotidiano não será difícil notar que as notícias ruins se sobrepõem às boas e que a vida perde, diariamente, um pouco de seu encanto tal a profusão de dificuldades que nos cercam. Seria ótimo ler sobre o controle total da gripe, o fim da crise econômica, a redução da criminalidade e até que o Congresso Nacional teve um acesso de vergonha. Sendo isso impossível, creio que uma saída para não estragar esse belo feriado seja repetir as palavras de minha mãe:
- Poderia ser pior.