A má vontade dos ricos
Existem falhas, mas ao olimpíadas no Brasil são um sucesso. Aliás, sucesso que confronta a teia de maus augúrios sobre a realização dos jogos no país. De fato, poucos dias atrás o Brasil estava nas manchetes dos meios de comunicação dos países desenvolvidos. Inquietavam-se com a realização dos jogos num país politicamente instável, assolado por epidemias, em crise econômica, com violência incontrolável, enfim o fim do mundo. Atletas se recusavam a participar dos jogos pelo receio de contraírem a Zica. Nossas cidades estariam sob a ação de viroses e vir para o Brasil poderia resultar em catástrofe.
Mas, para espanto geral, a abertura dos jogos foi um sucesso. O país que não teria condições para organizar evento de tal grandeza surpreendia. O país incapaz de instalar uma rede hidráulica satisfatória na vila olímpica começava bem. Mas, as críticas sempre sobrepujaram as boas realizações.
Agora, deu no NYT. O jornalista Roger Cohen daquele jornal escreve que “existe algum sentimento no mundo desenvolvido que não gosta de ver que um país emergente também pode organizar um grande evento esportivo.” Cohen também escreve:
“Esse texto é para falar basicamente que este jornalista americano está cansado de ler histórias negativas sobre os Jogos Olímpicos brasileiros - a raiva das favelas, a violência que continua, o abismo entre ricos e pobres, …”
Recentemente recebi alguns norte-americanos que vieram ao Brasil para participar de uma cerimônia de casamento. Um deles confessou-me que temia muito vir ao país. O pouco que sabia sobre o país era desencorajador. Não chegou a dizer, mas trazia consigo a imagem de um lugar extremamente perigoso, violento, assolado por constantes epidemias e de governos instáveis. O homem surpreendeu-se com a existência de uma megalópole como São Paulo e a beleza do litoral paulista. Quase disse a ele que tiráramos das ruas os índios armados com arcos e flexas apenas para protegê-lo…
O sentimento do mundo desenvolvido em relação ao Brasil não se restringe a não gostar de ver a organização de um grande evento esportivo. Existe uma declarada má vontade em relação ao país. Boas realizações são ensombrecidas pelo destaque a fatos menores. Há sempre que se pegar as coisas pelo que elas têm de menor. Nesse sentido a realização dos jogos tem se mostrado favorável ao país. Expondo-nos aos olhos do mundo e mostrando que nossa extensão e diversidade foram positivas para a construção da nação quem sabe alavanquem-se novos negócios internacionais e mesmo o turismo ainda hoje bem distante do que poderia ser.