Novos tempos
Ouvi de entrevistado na TV que os tempos atuais são incompreensíveis. Disse ele que vivemos período em que todos estão contra todos. Paciência, solidariedade, generosidade e outros atributos estão em queda. É o salve-se quem puder.
De crise em crise vai-se sobrevivendo. Mas, até o relógio do mundo foi adiantado. Estaríamos perto do fim de tudo. Numa situação em que o entendimento entre os homens torna-se escasso tudo parece possível. Inclusive o apocalipse.
O mundo que conhecemos já esteve em situações de perigo. A crise dos mísseis na década de 1960, governo John Kennedy, sempre é citada como ponto fora da curva. Americanos e russos estiveram a um passo de acionar seus arsenais nucleares. Felizmente não o fizeram. Mas, as armas ainda existem apesar de acordos de não proliferação das mesmas. São como aquela faca do conto de Borges, usada para matar no passado, mas que aguarda dentro de uma gaveta por novo momento de ação.
Trump é o novo presidente dos EUA e o mundo treme diante de sua arrogância. Quer humilhar o México, desfazer acordos, bloquear fronteiras, impedir a entrada de imigrantes, etc. Adepto do nacionalismo parece pouco se importar com os reflexos de seus decretos. O que importa é a América, América forte.
Espalha-se por aí uma onda de desassossego. De repente extrai-se do baralho uma carta inesperada. Trump pode ser o cavaleiro do apocalipse. Instala-se na Casa Branca com poder de movimentar o mundo a seu modo perigoso de agir. Ressuscita nos “estrangeiros” o velho antiamericanismo. Quem não se lembra de nosso sentimento de revolta em relação aos norte-americanos pelas interferências nos países sul-americanos? E dos governos militares em nosso continente fomentados pela política externa dos EUA?
Pois. Com o retorno da democracia fomos nos habituando às marchas e contramarchas do capitalismo. Os americanos do norte foram institivamente meio que perdoados, suas intervenções amenizadas nas memórias. Agora as ações do novo presidente dos EUA perigam ressuscitar adormecidas broncas em relação aos EUA. Entretanto, ao que parece grande parte dos irmãos do norte não estão nem aí para isso.