Liberdade de expressão
Em seu programa pela BANDFM o jornalista José Luis Datena reclama ter passado mal na noite anterior. Atribui o fato ao problema de não dispor de liberdade de dizer tudo aquilo que pensa. Avança, dizendo que a liberdade de expressão de fato não existe nos meios de comunicação. Há um limite imposto pelos mesmos veículos, quaisquer que sejam eles.
Ouvir isso do jornalista causa alguma estranheza dado ser conhecido por não ter papas na língua. Mas, sua declaração nos remete ao que nos é dado saber e, principalmente, à informação que nos é sonegada.
De que, enquanto público, não passamos de pessoas cujas opiniões são mediadas - de segunda mão - pela natureza das informações a que temos acesso, disso não restam dúvidas. De que tais informações são divulgadas sob o filtro de interesses daqueles que as recebem e passam adiante também não restam dúvidas. De modo que, enquanto público, estamos à mercê de toda sorte de manipulações. Pior: a formação das consciências pessoal e coletiva é afetada pelas verdades ou pretensas verdades a toda hora divulgadas.
Num momento em que o país atravessa talvez o mais tenebroso período de sua história não dispor de fontes de informação totalmente confiáveis nos coloca em situação complicada. Destarte as já conhecidas dificuldades relacionadas às fontes de notícias que nem sempre se caracterizam pelo compromisso com a verdade, estabelece-se um jogo no qual a opinião pública torna-se desvalorizada. As consequências desse fato são perigosas. Por exemplo: diante da maratona de acusações e desmentidos que pululam hoje em dia nos meios de comunicação, em quem deveríamos apostar para conduzir o país nas eleições do ano vindouro?
Não se descarte do dito acima o fato de que a unanimidade não só e burra com impossível. Nem nos enganemos na busca de verdades absolutas sobre as quais ninguém ousaria levantar as menores dúvidas. Entretanto, eis aí um momento no qual a velha boa-fé seria sempre bem-vinda.
Tem razão o Datena em perder o sono.