Sabe-se lá…
… em quem acreditar.
Em 1968 o povo foi às ruas do Rio na inesquecível passeata dos 100 mil. Líderes estudantis inflamavam a opinião. Verdadeira guerra entre estudantes e policiais estabelecera-se na cidade. A morte de um estudante no restaurante conhecido como Calabouço erguera a população em protestos. A missa de sétimo dia na igreja da Candelária por pouco não se transformara em tragédia. Costa e Silva era o presidente militar. Gama e Silva o Ministro da Justiça que no famigerado 13 de dezembro promulgaria o AI-5. Lutava-se contra a ditadura.
Hoje em dia respira-se cansaço. O brasileiro sente que não há para quem apelar. Desnudam-se membros da classe política envolvidos em negociatas. Campeões de votos não resistem a denúncias de envolvimento em atos de corrupção. O rei está nu.
O último bastião da democracia, o STF, debate-se com acusações que até o momento se revelam infundas. A PGJ é criticada pela má condução de seus acordos com personagens hoje acusadas de banditismo. A Justiça está sob judice. O cidadão comum já não crê cegamente nas atitudes e decisões de juízes.
A própria presidência da República vê-se acusada de corrupção. O presidente safou-se da primeira denúncia da PGR e aguarda, temerosamente, a segunda. Um ex-ministro é preso após a descoberta de 51 mi - em espécie - em um apartamento a ele emprestado por um amigo. O país se espanta com imagens de tanto dinheiro vivo em malas e caixa dentro de um apartamento vazio.
Enquanto isso segue a rotina dos brasileiros. Carência de serviços públicos, crise na saúde, violência crescente e por aí vai. Sabe-se lá no que isso vai dar.