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Quebrando tudo

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Leio sobre gente que paga para entrar em salas onde a ordem é quebrar tudo que se encontrar pela frente. São chamadas de “salas de raiva”. Trata-se de cômodos a serem destruídos com porretes, tacos e pé de cabra. As salas existem em vários países e têm lista de espera nos dias de maior movimento.

Para que servem as salas de raiva? Nelas o interessado descarrega seus ódios e tensões. Os clientes são de todo tipo, inclusive casais em salas montadas para dois arrebentarem tudo.

Não é incomum que alguém, em momento de fúria, atire algum objeto de vidro na parede. Copos são úteis para isso. De todo modo o que se busca é descarregar o stress acumulado nas andanças da vida.

Não sei se entraria numa sala dessas. Talvez não armazene tanta raiva a ponto de ter que livrar-me dela. Entretanto, não nego ter participado de uma destruição de tudo que estava à minha volta.

Aconteceu assim: tínhamos eu e um amigo um ponto de atendimento num bairro de cidade grande. As coisas não iam bem, o negócio demorava-se a engrenar. Certo dia passou por lá uma graciosa cliente que nos presenteou com uma garrafa de vinho. No fim da tarde apareceu no lugar um fiscal da prefeitura. Vinha lavrar multa porque um pedacinho da placa de anúncio de nossos serviços ultrapassara o limite permitido, avançando sobre a calçada. Ora era uma placa colocada num poste e o erro seria coisa de menos de 10 cm além do limite. Entretanto, o fiscal era sujeito cioso de seus deveres. De modo algum aceitou nossas ponderações, inclusive a de que, no dia seguinte, o erro seria consertado.

Estávamos assim, aborrecidos, quando o meu amigo se irritou e jogou um cinzeiro no chão. Era a senha para o início da pancadaria. Para resumir quebramos tudo. O fiscal nos observava atônito. Dizíamos a ele que estávamos f…. e ele fora a gota d´água para acabar com aquilo.

Assustado o fiscal se mandou, esquecendo-se da multa. Com tudo quebrado, sentamos no chão e abrimos o vinho que saboreamos com enorme prazer. Havíamos nos livrado de algo que muito nos incomodava. Não nego o prazer de destruir aquilo tudo.

Nunca mais voltei ao lugar. Um advogado encerrou os trâmites do aluguel e colocou um ponto final num negócio malsucedido.

Na memória apenas a deliciosa quebradeira..

Escrito por Ayrton Marcondes

18 setembro, 2017 às 10:48 am

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