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Ano novo

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Lá se foi 2017. Não deixa saudades. Mas, há que se considerar que, no fim das contas, saímos no lucro. Quem não se lembra das previsões realizadas no fim de 2016? Os economistas sambaram na tenda dos desastres. A recessão continuaria, o PIB encolheria, a taxa de juros aumentaria, a inflação encostaria nos 10%. Nem o maior otimista esperaria os resultados apresentados ao final do ano. Uma das menores inflações da história, queda da taxa de juros, PIB positivo, embora só de 1%. Mas positivo, positivo. Setor automobilístico alavancando, redução do desemprego etc.

Está melhor? Melhorando. Doente, mas saiu da UTI. E o povo aventurou-se nas compras de fim de ano. Natal melhor que o de 16 no comércio. Nada gigantesco, mas melhor.

De muito ruim só mesmo a política. O Brasil parece ter se especializado na produção de gente desalmada. Desalmada? Sim, porque quem entre pelos canos com a roubalheira é a população. Serviços estatais péssimos na área de saúde, educação e tudo o mais que se conhece. O Brasil, diz a música, não conhece o Brasil.

Do que se fala? Da reforma da Previdência e das eleições para presidente. A reforma explica-se ser necessária, mas a turma de interesses garantidos não quer largar as gordas aposentadorias. As redes sociais fazem o trabalho de incutir desconfiança no povo. Mente-se, descaradamente, sobre tudo. A tal ponto que, vez ou outra, a gente se confunde. Afinal, qual será mesmo a verdade?

Sobre a presidência da República a boataria é crescente. Enquanto nada se define na maluqueira dos partidos que não se entendem, o Temer vai-se aguentando. É o cara errado, no lugar certo, fazendo a coisa certa. E o país melhora devagar.

Não se enganem. Este vai ser um ano do diabo. Vamos aturar o embate de interesses na questão da Previdência, as falácias dos políticos desesperados pelo poder, o noticiário sobre a corrupção e a violência que só faz crescer etc. Assistir aos noticiários pela TV virou exercício custoso. Deviam gravar um só para valer pelo mês. É só prestar atenção: mudam os atoresque geram notícias, mas o que fazem é sempre o mesmo.

No país do carnaval a alegria está suspensa. Quem saiu por aí no fim do ano que terminou em vão procurou sinais de festa. Onde as luzes do natal? Onde o foguetório? O brasileiro, tipo expansivo, está se tornando um ressentido. Ressente-se do que fazem com ele. Das dificuldades que a ele são impostas pelos titulares dos desmandos que pululam por aí.

Sempre admirei o voto livre praticado em alguns países. Incomodava-me a obrigação de votar. De modo que recebi com satisfação a notícia de que, de agora em diante, não terei mais que comparecer às urnas. Pois é. Como não votar nas próximas eleições se tenho o dever e a necessidade de contribuir para colocar na presidência um bom governante para o país?

Se viver, estarei lá.

Escrito por Ayrton Marcondes

2 janeiro, 2018 às 9:47 pm

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