Frio de rachar
A grande onda de frio nos EUA está de amargar. Hoje, quinta-feira, esperam-se temperaturas negativas recordes na costa leste daquele país. Para que se tenha ideia, no Canadá, as Cataratas do Niágara estão congeladas. Frio de rachar. Em algumas cidades os governantes encarecem que as pessoas nãos saiam às ruas. Nas ruas e em torno das casas muita neve. Mortes, aulas suspensas, vento forte, mais nevascas. A situação é alarmante.
Com a onda de frio voos estão cancelados. O transtorno é grande. As companhias aéreas apressam-se em flexibilizar a remarcação de passagens para facilitar a vida dos passageiros.
Anos atrás passei horas no Aeroporto de Guarulhos, esperando voo para New York. Muito tumulto, gente reclamando, até que fomos avisados da suspensão do voo. A tempestade de neve fechara o John Kennedy.
Diante da notícia o jeito foi passar a noite num hotel e esperar o dia seguinte. Enfim embarcamos, mas paramos em Miami. Mais uma vez New York estava fechado.
Depois de uma noite em Miami, marchas e contramarchas para a relocação de passageiros, seguimos ao nosso destino. Confesso que temi a aterrisagem na pista coberta por neve e gelo.
Mas, por que me refiro a esse episódio? Acontece que brasileiro, nato em país tropical, não está habituado a sensações térmicas abaixo de menos 20º C. Nunca me esquecerei da inadequação de minhas roupas àquele frio desumano, tanto que me vi obrigado a substituí-las depressa. Como andar nas calçadas cheias de lama e cercadas por altos blocos de neve com os meus sapatos muito úteis em São Paulo?
Ouvi que ontem, nos EUA, um homem foi encontrado morto do lado de fora de uma casa. Morreu congelado. Fez-me lembrar de gente dentro de carros em estradas interrompidas, lutando conta o frio, morrendo de frio.
Por tudo isso devo dizer que talvez nós, brasileiros, muitas vezes reclamemos demais do calor reinante em nossa terra nessa época do ano. Rapaz, muito frio é bem pior que calor exagerado. Claro, há quem discorde. De resto não existe mesmo unanimidade em nada.