A náusea
Dia de julgamento do ex-presidente Lula. Ele esbraveja, protestando contra o que qualifica como julgamento político. Seus seguidores vivem desesperadamente o momento de transe. Do outro lado dedos acusadores se levantam. Quer-se o ex-presidente não só condenado como preso.
Lula faz o que sabe de melhor. Sua imensa capacidade de persuasão é propagada por todos os ventos. Dizendo-se vitima das elites que querem destruí-lo veste a camisa dos pobres e trabalhadores de quem se qualifica como legítimo representante. Propaga que as elites não podem aceitar alguém vindo de baixo.
Mas, existem as acusações de corrupção. Avolumam-se acusações de vantagens oferecidas em troca de propriedades e dinheiro. Mensalão, petrolão etc. Lula estaria por trás do imenso processo de corrupção que arrastou o país à pior depressão de sua história.
Enquanto isso a vida segue com seus infortúnios. A miséria das classes menos favorecidas permanece inalterada. Os constantes problemas relacionados à saúde, segurança etc. só fazem crescer. Para além dos discursos tão impactantes uma realidade bastante triste persiste.
Publica-se que no Brasil cresce o número de bilionários. A fortuna dos cinco maiores bilionários do país equivale à renda somada de 100 milhões de brasileiros. O quinto bilionário da lista é proprietário de 27,5 bi; o primeiro de mais de 100 bi.
Diga-se o que quiser, mas não existe perspectiva de que a desigualdade venha a desparecer tão cedo. De modo que assistir a tudo o que hoje se passa no país passa a ser motivo de náusea. Não se acredita em ninguém. Pouca gente escapa. Não se trata de crise de confiança. Está-se vivendo “a desconfiança”.