Regras para lidar com o inimigo
Tudo bem, não precisa ser papo cabeça. Também não se exige um intelectual, mas um pouco de conhecimento e atualização ajuda. A repetição cansa: os repetitivos são muito chatos, não dá para agüentar.
Há que se ter certa elegância na escolha das palavras. Palavrões só depois de muita intimidade. Se você aceita um palavrão logo de início, o cara entende que uma barreira foi transposta e isso pode ser perigoso. Lembre-se: um amigo pode até dizer um palavrão a você; um desconhecido nunca.
Desgraça são esses caras confiados. No primeiro minuto já agem com se fossem íntimos. Olham de alto a baixo, avaliam, traçam a estratégia e escolhem o papo. Aí é dar as costas e, se insistirem, apelar até mesmo para a falta de educação.
Cuidado com os bonzinhos! Vá lá que existam bonzinhos de verdade. Mas a maioria deles é fingida. Os bonzinhos são educados, muito gentis e há quem sinta necessidade de adotá-los, protegê-los. Falsos bonzinhos são perigosos, premeditam tudo e geralmente conseguem o que querem.
Malandros descarados são o que mais se encontra por aí. São carinhas sem princípios. É fácil reconhecê-los pelo jeitão vulgar e aspectos que muitas vezes dão nojo. Quando se metem a fazer piadinhas, então…
E os caras da noite? Esses tais freqüentam bares, em geral sozinhos ou com um amigo. São do tipo caçador. Muitos deles têm um carrão, dão umas voltas no entorno, exibem-se, primeiro impressionam com aquele ar de liberdade e alegria. Quando entram, sentam-se e dão uma de desinteressados, olhando fixamente para o copo cheio, depois falando entre si. Tudo estudado. Acredite: no que chegam filmam tudo, localizam possíveis presas e só dão um tempinho antes de partirem para o ataque.
Cara bonito …
Olhe, nem todo mundo é assim, mas…
Duas moças conversavam na sala de espera e simulavam não se dar conta da minha presença. Certamente não consegui reproduzir as palavras que utilizaram, mas parte do que disseram está aí.
Fui chamado para entrar no consultório antes delas. Quando me levantei, enfrentei os olhares das duas e me senti um soldado do exército inimigo. Ante a fuzilaria recuei um passo, mas arranjei coragem e fui em frente.
Já com o médico tive vontade de perguntar se ele seria capaz de identificar o meu tipo. A noção de ridículo me impediu de fazer a pergunta e passamos a falar sobre sintomas.