As circunstâncias do horror
Pode ser difícil definir o horror, mas sabemos reconhecê-lo.
Os criminosos que invadiram uma casa num condomínio de luxo, interior de São Paulo, proporcionaram irretocável cena de horror. Durante o assalto, soou o alarme e a reação de um dos criminosos foi atirar em uma menina de oito anos de idade, que morreu.
Não foi um tiro ao acaso, motivado por susto ou outra razão. Também não se tratou de bala perdida: o criminoso atirou e matou porque decidiu agir desse modo, friamente.
Entretanto, o horror de ato tão bárbaro não se restringe à trágica cena do crime. O horror se espalha pelas mentes de outras crianças que moram no mesmo condomínio e nos colegas da escola até então freqüentada pela menina assassinada.
A psicanálise e matérias sucedâneas a ela ocupam-se da investigação de mentes criminosas. Há que se encontrar uma explicação que recoloque as coisas no lugar e faça o mundo girar normalmente em seu eixo, só assim talvez possamos dormir em paz.
Explicações à parte, a verdade é que o horror, tão difícil de definir, também não se explica: depois de consumado ele permanece em nossas cabeças, impregna as nossas sensações, abala a confiança na humanidade e a visão que temos do mundo. Talvez por isso não nos seja possível ignorar o caso da menina assassinada.