Lua artificial
A boa e velha Lua é nossa companheira de todas as noites. Vez ou outra se esconde detrás de nuvens, talvez por recato na realização de suas coisas mais íntimas. Mas, na maior parte do tempo, brinda-nos com sua presença, no crescente, no minguante, nas deliciosas madrugadas de cheias.
Ah, a Lua. Ela é dos namorados, garantem os eternos apaixonados. E o luar brilhando sobre os mares serenos, encantando viajantes, despertando saudades das terras distantes, revivendo paixões? Pois que os incautos se lembrem de que a Lua é muito, muito mais mesmo, que um simples astro a orbitar em torno de nosso planeta. Ela não é só mais uma peça do cotidiano, é parte integrante de nossos sonhos, da nossa vida.
Entretanto, eis que a Lua está a ser atraiçoada. Não é que os mentores da tecnologia desenfreada estão à beira de criar novas luas, invadindo o espaço que de direito pertence ao satélite que desde que o mundo é mundo nos acompanha?
Pois na China estão a criar luas artificiais. Serão corpos introduzidos na atmosfera, capazes de refletir a luz do Sol. Uma lua dessas terá capacidade para iluminar áreas de até 50 km de diâmetro!
Olhe que os chineses estão exultantes. E não é para menos porque a luz refletida substituirá a iluminação dos postes com imensa economia de energia.
A tecnologia avança e torna possível a realização de coisas até hoje impensáveis. Os chineses estão para colocar em ação a primeira dessas luas e avisam que a ela outras seguirão.
Tudo bem. Afinal esse mundo anda mesmo de ponta cabeça. Mas, pessoal, e quanto à poesia? Mais de uma Lua? Noites claras sem a suavidade do luar original? Não seria o caso de se repensar essa história de lua artificial pelo bem da beleza que hoje em dia tanto nos faz falta?
A ver no que vai dar.