Keith Richards at Blog Ayrton Marcondes

Keith Richards

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O alarme fora dado algumas horas antes: não deveríamos beber água pelo risco de contaminação por radioatividade. Não dava para entender. E a água dos filtros, a engarrafada? Estavam todas proibidas até que recebêssemos nova orientação.

Nesse ínterim eu me encontrei com o japonês. Não o via há décadas. Bom papo, o japonês ensinava história numa universidade. No passado me ajudara durante trabalho de escritura de um livro. Inteirara-me de alguns preceitos do marxismo os quais, na opinião dele, faltavam no meu texto.

O encontro com o japonês foi ótimo. Falávamos sobre a notícia da contaminação radioativa quando, ao avistar um ônibus que se aproximava, ele me disse: vem aí o Keith Richards.

Ora, estávamos numa praça onde o ônibus estacionou e algumas pessoas rapidamente o cercaram. Queriam ver o Richards. Não me recordo de quantos segundos precisei para vencer a minha resistência e postar-me defronte a porta do ônibus que se abrira. Afinal, que me interessava ver o Keith Richards em carne e osso?Aliás, por que estaria ele na minha cidade, justamente ali?

Do ônibus começaram a descer seguranças, uns caras fortes, vestidos de preto, todos com vastos bigodes. Mais pareciam clones um do outro. Entre nós um estremecimento: em pouco o grande ídolo surgiria.

Mas, em vão esperamos. Keith Richards nunca saiu daquele ônibus. Quanto ao meu grande amigo, o japonês, desparecera misteriosamente. Foi quando acordei. Sentado na cama pensei sobre criações em sonho e o modo de como somos levados a mundos paralelos onde fatos estranhos acontecem.

Mas, no fundo, eu estava mesmo é com sede. Levantei-me, fui até a cozinha e enchi um copo com água. Ia bebê-lo quando me lembrei da ameaça radioativa. Estaria eu, ainda, dormindo, sonhando?

Despertei pela manhã inseguro. Afinal, por onde andara durante a madrugada?

Escrito por Ayrton Marcondes

31 dezembro, 2018 às 2:10 pm

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