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Negros no futebol

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Paixão é paixão. A um filósofo italiano incomodava a relação para ele indigesta com o futebol. Homem de altas luzes não podia compreender porque os resultados dos jogos do time de sua cidade o incomodavam tanto. Deve ter sido, vida afora, torcedor resistente.

Entre nós, brasileiros, a dedicação pelo futebol parece fazer parte do DNA com que fomos concebidos. Verdade que, com o passar dos anos, o nosso futebol perdeu grande parte de sua magia. Já não vivemos os heroicos tempos de 58, 64 e70, nos quais os jogos das vitoriosas seleções nacionais nos levavam à loucura. Ontem mesmo uma moça me falava sobre seu pai, morador da cidade e torcedor do Santos, o qual orgulhava-se de ter visto muitas vezes Pelé jogar na Vila Belmiro.

Mas, os tempos são outros. Ao que parece os chamados boleiros de hoje em dia não jogam com o fervor de ontem. Aquele “dar a vida pela camisa do time em que jogam” teria ido para as calendas. Novos tempos, novas posturas.

Escrevo sobre isso por ter assistido a um documentário sobre os negros no futebol. Nele falou-se sobre o grande desastre que foi a derrota do Brasil frente ao Uruguai na final da Copa de 50. Aquela terrível 2×1 ainda hoje ecoa na memória de muita gente. Num país atrasado a vitória na Copa seria muito mais que simples feito futebolístico. A vitória funcionaria como uma espécie de afirmação do povo brasileiro perante o mundo. E deu no que deu.

O que eu nunca tinha ouvido falar foi sobre a pretensa culpabilidade que pretenderam atribuir aos negros da equipe brasileira. No segundo gol uruguaio justamente falharam o goleiro Barbosa e o defensor Bigode. Dois negros. Teria errado o técnico ao escalar negros… Puro racismo.

Mas, não para por aí. Segundo o mesmo documentário teria havido resistência em escalar negros na equipe de 58. Só o terceiro jogo, contra a Rússia, Garrincha e Pelé teriam sido escalados, depois da pressão exercida pelo Dr. Paulo Machado de Carvalho.

O documentário aponta Pelé não só como ícone do futebol, mas expressão que mudou a visão sobre os negros no país.

De minha parte afirmo perdurarem, em minha memória, as maravilhosas atuações do selecionado brasileiro naquelas copas. Não imagino que ao presenciar as maravilhas com que Pelé nos proporcionou alguém tenha se lembrado de que ele era negro.

O futebol brasileiro, a sua grandeza, deve muito aos inesquecíveis boleiros negros que, honram o nome do país e fazem a alegria de nosso povo. Isso é mais que tudo.

Escrito por Ayrton Marcondes

8 fevereiro, 2019 às 12:09 pm

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