A nova Babel
Está no capítulo 11 do Gênesis, primeiro livro da Bíblia, a descrição da Torre de Babel. Até a construção da torre todos os homens falavam a mesma língua e não tinham dificuldades para se comunicarem.
Então um grupo partiu do Oriente e alcançou a planície de Sinar. Nesse local decidiram construir uma cidade e uma torre que alcance os céus. Entretanto, o Senhor decidiu visitar a cidade e a Torre ocasião em que determinou a confusão de línguas para que os homens não pudessem se entender. Assim, os homens espalharam-se sobre a terra.
Não se sabe se também por obra do Senhor - certamente por obra dos homens - vive-se hoje o tempo de uma nova Babel. Habitantes de um mesmo país não se entendem, povos de diferentes nações também não. Vigora enorme dificuldade, não de comunicação, mas de entendimento. Pesa nas relações a força de interesses em jogo, daí os homens deixarem de ver-se como irmãos. Guerras absurdas com grande mortandade instalam-se, sem haver perspectivas de acordos que determinariam o fim dos combates.
Em nosso país a situação é desalentadora. Atravessa-se uma mal disfarçada batalha na qual sobressai-se a alta criminalidade que, até agora, permanece praticamente impune. Crimes odientos se repetem e torna-se comum o desapego pala vida. É matar ou morrer.
Balburdia entre os homens que têm a missão de comandar o mundo. Ditaduras que oprimem o povo. Aqui, bem ao nosso lado, a interminável crise venezuelana que não parece ter resolução a vista. Fome, doenças e insegurança fazem parte do cotidiano de nações inteiras.
É a nova Babel. Dirão que sempre foi assim. Talvez. Mas, no tempo das comunicações velozes o mundo, assim como o rei, está nu. Essa espalhafatosa nudez nos revela um mundo convulso no qual pouco a pouco vai-se degradando a esperança e a alegria de viver.