Antes e depois
Com frequência os sites da internet exibem as sessões chamadas “antes e depois”. Trata-se de fotos de celebridades, em geral atores e cantores internacionalmente conhecidos. As fotos de “antes”, obtidas nos períodos de auge de suas carreiras, são confrontadas com outras registradas anos depois, muitas delas já na velhice. Lado a lado essas fotos buscam marcar o declínio físico e da beleza das pessoas fotografadas. Mais: a chamadas para os internautas se interessarem são do tipo “veja como ele(a) era e como ficou”.
Ninguém resiste à passagem do tempo, muitas vezes comprometida por tropeços que influem dramaticamente na aparência das pessoas. É o caso daqueles que se perdem no mundo das drogas, etc. Mulheres de rara beleza em suas primeiras décadas de vida surgem comparadas às suas imagens quando mudadas pela passagem do tempo. Em muitos casos realmente custa acreditar tratar-se da mesma pessoa.
Mas, afinal, a que servem essas comparações? Que pretendem seus autores ao expor a precariedade da condição humana, sempre sujeita ao inevitável desgaste proporcionado pelo avanço dos anos?
Eis aí o kitsch documentado em todo seu esplendor. De fato, que interesse há em se observar imagens da envelhecida atriz Ursula Andress em comparação com a mulher estonteante que fora no passado?
O galante Lee Majors, de 1985, transformou-se no senhor de cabelos brancos de 2017. O tempo cuidou de mudar sua imagem, irreversivelmente. A propaganda de um canal noticioso da televisão repete: “o tempo não para, não”. Mas, de nada nos adianta documentar o efeito da passagem do tempo sobre nossos organismos tão perecíveis.
De minha parte prefiro guardar as imagens de pessoas retratadas em seus melhores momentos, no ápice de sua força de beleza. Liz Taylor será para sempre a bela mulher de “A gata em teto de zinco quente”. Paul Newman o jovem boxeador de “Marcado pela Sarjeta”, de 1956.
Você não concorda?