O garoto de 12 anos at Blog Ayrton Marcondes

O garoto de 12 anos

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Crimes sempre impressionam. Alguns mais que outros por conta dos detalhes de sua execução. Vive-se a época de ascensão da criminalidade. Há medo. A próxima vítima pode ser você é tão real que cada um teme de fato ser o próximo.

A incontrolável sede de violência parece incontornável. Miséria, pobreza e déficits de educação compõem fértil caldo para ebulição de criminosos. Não há dia em que não se recebam notícias sobre assaltos, latrocínios, assassinatos, balas perdidas etc. E mortes. Inexplicáveis mortes que poderiam ser evitadas caso houvesse melhora das condições sociais e mais segurança. Mas, se mesmo as forças policiais são acuadas e cresce, entre elas, o número de suicídios de seus integrantes… O horror pode não ter limites.

Dias atrás um crime despertou a atenção pelo requinte de quem o realizou. Ao sair de uma sessão de exercícios físicos uma jovem, 19 anos, encontrou seu carro com o pneu furado. Um homem, solícito, ofereceu-se para ajudá-la. Do meio-fio o carro foi levado a uma chácara defronte, local onde se realizaria a troca do pneu. Mas, eis que o tão solícito homem era um criminoso há pouco saído de reclusão. O restante do caso soubesse depois. A moça despareceu. Em desespero a família acionou a polícia e puseram-se a procurá-la. Encontraram o corpo da moça enterrado na chácara. Depois prenderam o criminoso. Ele premeditara o crime, esvaziando o pneu para pegar a moça. Inenarráveis as cenas do pai da moça, inconformado com a brutal perda da filha.

Uma menina de 9 anos está na fila de um pula-pula. É uma festa escolar. Atrás dela um menino que mora na mesma rua que ela. Os dois costuma brincar e estudam na mesma escola. Ela tem dificuldade em se socializar. Há um ano foi diagnosticada com autismo e segue tratamento. Num momento a mãe deixa a menina na fila e vai, com o outro filho, comprar pipoca. Quando retorna já não encontra a filha.

Mais tarde o menino de 12 anos conduz a polícia até um lugar onde a menina é encontrada morta, amarrada a uma árvore. Está desfigurada. Apanhou muito e sofreu pauladas no rosto. Num dos braços traz amarrada uma meia masculina. Crime horrível, violência descabida, ato inumano contra uma criança. Mas, nos interrogatórios o menino acaba confessando ser o autor do crime.

Agora o garoto de 12 anos está na Fundação Casa, deixando, atrás de si, enormes questionamentos. Por que uma criança cometeria tal barbaridade? Será este um caso de desequilíbrio mental? O que fazer com um garoto de 12 anos que poderá, ficando livre, tornara cometer crimes tão hediondos?

O melhor é não ficar a par de acontecimentos como os aqui narrados. Eles nos tornam medrosos, ainda mais inseguros. Tememos por nós e pelos nossos. Pelos filhos, pelos netos, pela família. Pelas pessoas que conhecemos. Por aqueles que não conhecemos e nunca conheceremos. Pelas crianças. Pelo medo de que andem por aí outros garotos de 12 anos dispostos a cometer crimes.

Escrito por Ayrton Marcondes

2 outubro, 2019 às 1:06 pm

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