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A epidemia

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Não se fala em outra coisa que não a epidemia pelo coronavírus. É o assunto do momento, em toda as rodas. Em bares, restaurantes, festas, reuniões familiares, enfim todo lugar onde mais de uma pessoa esteja próxima. Ao que parece que se está diante de uma hecatombe do tamanho de que houvéssemos recebido a notícia de que um fenômeno atmosférico houvesse alterado a trajetória da Lua, agora em rota de colisão com o nosso planeta. Enfim, há medo. Medo de que com tantas reiterações sobre cuidados para evitar a disseminação do vírus talvez exista algo muito grande de que não fomos informados. Isso é o que se diz, a boca pequena, diante do reduzido número de casos da doença no país - até agora, é bom que se diga.

As autoridades fazem a sua parte. Estabelecem normas, suspendem aulas em escolas, impedem manifestações nas ruas, qualquer reunião acima de 500 pessoas está proibida. O Estado se previne: se a coisa desandar, se de repente o número de casos explodir poderá se dizer: as medidas de prevenção foram tomadas corretamente.

Entretanto, grande parte da população parece fazer ouvidos moucos a tudo isso. Nas ruas não se respira o clima de uma ameaça real sobre as cabeças. O número de infectados até agora parece não impressionar. Daí que numa volta de carro pela cidade o que se vê é a absoluta normalidade esperada para uma noite quente de sábado. Bares e restaurantes lotados, trânsito lento nas avenidas, muita gente transitando nas calçadas.

Esse ambiente de calmaria, contrastante com tantos alertas sobre o perigo da expansão da epidemia, me faz pensar num conto de Edgar Allan Poe chamado “A máscara da morte rubra”. No Conto Poe narra sobre uma festa à fantasia num castelo enquanto fora dele graça grande epidemia de peste. Aos convivas, naturalmente, nada faz lembrar a grande desgraça que ocorre fora das paredes do castelo. É quando um estranho convidado se apresenta. Ele é a própria peste que se espalha entre os convivas.

Não será esse o caso do que deverá acontecer aqui nos próximos dias. Nenhuma peste invadirá nossas casas, nem seremos contaminados por um vírus que poderá provocar a morte de tanta gente. Mas, as autoridades insistem. Isso nos leva a pensar que talvez tenham eles conhecimento de dados que não divulgam, mas que de fato representam grande perigo iminente.

Será?

Escrito por Ayrton Marcondes

14 março, 2020 às 11:43 pm

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