A vacina russa
E o povo segue em sua trilha de não ter como fugir às imposições da epidemia. Verdade que as coisas devagar, muito devagar, vão tornando à normalidade. O que há é um “não se aguenta mais essa situação”. Perdas irreparáveis no mundo dos negócios, quebradeira de empresas, mães presas em suas casas, cuidando dos filhos porque as escolas seguem fechadas.
O setor de turismo terrivelmente abalado. O comércio em luta pela sobrevivência. Tudo conspira e o vírus parece rir do desespero humano. Tanto que o vírus vai fazendo a sua parte. Diariamente são divulgadas notícias sobre o número de óbitos e novos infectados. No país a média diária de óbitos pelo Covid-19 está sempre em torno de mil a cada dia. Tanto se fala sobre isso que se ouve como se fosse coisa normal. Trata-se da contingência do sofrimento ao qual vai-se habituando. A dor real só se instala quando as perdas atingem pessoas queridas. Uma senhora declara ter perdido o pai, a mãe e uma tia, os três pela virose. Não há como safar-se de tanta dor e aceitar o vazio de tão grande perda.
O óbvio é que tudo isso só terá um fim se uma vacina eficiente for produzida. Em alguns países pesquisas se desenvolvem em torno da produção de vacina eficiente. No meio disso eis que surge a Rússia, divulgando ter obtido a vacina e estar pronta para cedê-la ao mundo.
Entretanto, a vacina russa chega ao mercado crivada por dúvidas. Não se sabe muito sobre testes de sua eficiência. A OMS não recebeu, até agora, informes que permitam recomendar a vacina russa. Mas, eis que surge em nossas casas a imagem de Putin, chefe de governo, respaldando a vacina que, aliás, foi aplicada em sua própria filha.
Será maravilhoso se os russos tiverem realmente encurtado o prazo de obtenção de uma vacina eficaz. Mas, por hora trata-se apenas de uma hipótese a ser confirmada. Entretanto, a vacina russa, eficaz ou não, surge num momento de desespero pelo fim da epidemia. Daí alguns governos se apressarem em negociar com os russos a utilização da vacina. No Brasil, o governo do Paraná já está em contato com os russos, dispondo-se a adquirir doses para a população daquele estado.
Bem, você concordaria em receber a vacina russa? Ser vacinado? Eis aí uma questão ainda em aberto. Até o momento não se sabe sobre efeitos colaterais dessa vacinação. De modo que, ao que parece, seguimos no escuro.
Mas, que a vacina de Putin seja boa. O mundo clama e espera por isso.