Pelé, 80 anos at Blog Ayrton Marcondes

Pelé, 80 anos

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Dias trás, durante um almoço, falei que tinha visto Pelé jogar. A frase, despretensiosa, provocou reações inesperadas de pessoas mais jovens. Então eu vira o Rei atuar, ao vivo e a cores, num estádio? Pelé, em carne e osso?

Pois é. Muita gente teve o privilégio de ver o Rei jogando, em geral pelo Santos. Aliás, que se diga: por melhor que sejam as transmissões televisivas, por mais polegadas que tenham os atuais aparelhos de TV, nada substitui a emoção e beleza de assistir a um jogo de futebol em meio à torcida, num estádio. Assim, na minha cabeça, Pelé sempre aquele fabuloso, mágico, jogador que vi poucas vezes ao vivo, em campo, e não o que acebei assistindo em inúmeras transmissões de jogos pela televisão. No Pacaembu Pelé, correndo com seu uniforme branco, passava-nos uma relação de intimidade, de proximidade com um ídolo, da presença em um momento inesquecível que não se repetiria, mas seria guardado para sempre na memória.

Por essa razão o tal Edson que agora chega aos 80 anos no traz tanta emoção. Foi esse homem envelhecido quem legou à posteridade as imagens inesquecíveis de alguém nascido como ser único entre seus pares, dotado de qualidades quase sobrenaturais, capaz de milagres que nenhum outro de sua profissão jamais atingiu e provavelmente jamais atingirá. A idolatria, o mistério de Pelé, está ligado a essa unicidade, ao fato de um ser humano sobrepor-se aos demais dadas suas fantásticas aptidões naquilo que tão naturalmente se propunha a executar.

Sim eu vi Pelé jogar, tive, sim, esse privilégio. Pertenci a uma geração que cresceu ao tempo em que Ele estava no máximo de sua grandeza futebolística. Nesses dias vi, na televisão, compactos realizados com a finalidade de homenagear Pelé. Confesso que, em alguns momentos, me vi disfarçando lágrimas furtivas. Acontece que esse homem envelhecido, embora mantenha seu passado intacto, faz-nos lembrar de que também para nós o tempo passa e passou. Também, como para ele, o tempo passou para os membros da minha geração e contra isso nada pode se fazer.

Imagino o dia em que Pelé deixar esse mundo, o tamanho da comoção que seu desaparecimento provocará. É que Pelé carrega consigo um pedaço de cada um de nós, seus fãs. Por isso, em seu octogésimo aniversário, só nos resta afirmar:

Vida longa ao Rei.

Escrito por Ayrton Marcondes

25 outubro, 2020 às 10:21 pm

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