Quando chega a hora
Não sei se ainda se fala, mas, no passado, comentava-se que cada um tem a sua hora marcada e, quando ela chega, babau.
Há casos em que o dito popular se aplica sem retoques. Trata-se de mortes inesperadas, aparentemente absurdas. Trata-se de situações sobre as quais pergunta-se por que, justamente, aquela pessoa estaria naquele lugar, naquele instante, quando algo absolutamente inesperado desencadeou-se e a atingiu. Seja o caso do cidadão que perde a vida atingido pelo tronco de uma árvore que caiu, do rapaz que dormia e recebeu na cabeça a bala perdida que roubou sua vida. Casos estranhos que fazem pensar que talvez aquela pessoa estivesse marcada para encontrar-se com a morte numa circunstância ocasional, inesperada. E fatal.
Dias trás um caso despertou grande atenção, sendo muito divulgado e comentado. Aconteceu a praia de Pipa, Rio Grande do Norte. Nessa praia existem falésias que chamam a atenção pela beleza de suas cores. Pois estavam na praia de Pipa um casal e sus criança de poucos meses. Devido ao Sol ficaram os três junto das falésias, abrigando-se na sombra. Eis que, inesperadamente, parte do morro ruiu, sendo os três soterrados e mortos.
O home que morreu tinha a história de ter abandonado um bom emprego para viajar pelo mundo. Ao voltar fixou-se em Pipa onde tornou-se proprietário de uma pousada. Casou-se e tiveram uma criança, justamente a que estava com eles no momento do acidente.
Eram ele e mulher ainda jovens e o desparecimento de ambos provocou grande comoção. Enfim, estavam no lugar errado, no instante errado, daí terem morrido. É como se a tragédia fora marcada com antecedência, para aquele lugar, naquele instante, para justamente aquelas pessoas.
O sentimento de horror despertado por tragédia de tal magnitude funciona como aviso para a fragilidade da existência humana e a falta de recursos diante de acidentes inesperados.
Há quem diga que se deve, sempre, estar preparado para a morte. Entretanto, enquanto vivos, viva a vida.