O matador
Cerca de duzentos homens estão envolvidos na caça de certo Lázaro cuja ocupação consiste em estuprar e matar pessoas. O Lázaro carrega nas costas um rosário de crimes. Há o caso da mulher que foi arrastada por ele até próximo a um rio e estuprada. Indigna a invasão de uma casa e a execução sumária de quatro pessoas.
Há quem associe a prática dos crimes a rituais. Não se nega que talvez o cara tenha ligação com o demônio. Discute-se se ele não seria apenas um alienado mental. Serial killer?
Fala-se que o Lázaro fez viagem de um estado a outro, percorrendo mais de 1000 Km a pé. Mas, o pior é que ele conhece mais que ninguém a região onde se esconde. Lázaro é um mateiro. Faz aparte do ambiente onde circula. Esconde-se durante o dia e caminha à noite. Prefere o leito dos rios, evitando cães farejadores.
Lázaro é um mistério. A ouvir o que dele se diz trata-se de caso de um mal encarnado. O sujeito é ruim, deve ser preso ou abatido. Espalha terror na região em que está. As famílias sentem-se inseguras. Uma delas dorme dentro do carro para evitar a surpresa de um ataque noturno.
Entretanto, existe o outro lado ao qual não se dá atenção. Não é que o Lázaro tem família? Pois. Para começar tem mulher de dois filhos. E tem mãe esse perseguido. Mãe que sofre. Ela e o marido tiveram que se mudar dadas as ameaças que sofreram. Essa mãe implora ao filho que se entregue. Ela tem o telefone grampeado para que, caso receba ligação do filho, ele possa ser localizado.
Impressiona nesse caso o número de policiais e equipamentos utilizados na caça ao assassino de muitas pessoas. O governo de Goiás se empenha na caça e uma deputada vai para a região portando arma de fogo em busca do Lázaro.
Triste, triste mesmo, é a foto da mãe do Lázaro, publicada no jornal de hoje. Nela se vê uma mulher simples, pobre e devastada. No rosto a dor dos acontecimentos incompreensíveis que cercam seu dia a dia. Pobre mulher. Ela pariu um matador.