Infeliz e no escuro
Convenhamos: Bruce Willis é “o cara”. Bonito, sensual, perfeito nos papéis que representa no cinema. A série de filmes “Duro de Matar”, estrelada por ele, arrastou milhares de pessoas para as salas de exibição. Mas Bruce é ator talhado para filmes em que o bandido que ele representa é um bom sujeito ou naqueles em que sua personagem é envolvida por um grande mistério como em “Os Sete Macacos” e “O Sexto Sentido”.
Bruce Willis está conosco desde os tempos da série televisiva “A Gata e o Rato”. Foi casado com a atriz Demi Moore e ganhou muito dinheiro. Ele tem até uma estrela na Calçada da Fama. Convenhamos: uma cara assim, com essa bola toda, só pode ser realizado e muito feliz. Sua vida deve ser uma espécie de sonho do qual é difícil acordar. A coisa toda deve ser tão boa que justifica a pergunta: você não gostaria de ser um cara como Bruce Willis ou pelo menos de ter uma vida com a dele?
Pois acredite: dias atrás Bruce Willis, que acaba de se casar, veio a público e declarou:
- Eu passei os últimos dez anos da minha vida solteiro, e a maior parte do tempo infeliz, num lugar escuro.
Quem? O Bruce Willis disse isso? Deve ser piada dele, o cara simplesmente tem tuuuudo. Só pode ser coisa de ator, dirão. Vai ver ele estava com o saco cheio dos repórteres e disse qualquer coisa bombástica para se livrar deles. Paparazzi é um inferno mesmo, não?
Senhoras e senhores é hora de dizer que a vida passa e se a pessoa não se cuida chega o momento da capitulação das ilusões. Nesse pórtico só há salvação quando certos valores básicos, coisas rotineiras para as quais não damos a menor importância ou achamos piegas demais, prevalecem. Talvez por desprezar esse fato muitas pessoas errem por aí solitárias, infelizes e no escuro, ainda que por vezes muito bem acompanhadas. Deve ser isso que aconteceu ao Bruce e ainda bem que ele parece ter dado a volta por cima.
Mas isso tudo está tomando um jeito abominável de conselho sentimental, papo cabeça, recomendações de oráculo, lição de vida etc, coisas que quase sempre não funcionam. Daí que termino intrigado com essa declaração do Bruce: cá entre nós, por mais verídica que seja não dá para acreditar.
Cara, com o Bruce, não. Para!