O “Freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta” é um livro escrito pelo economista Steven Lewitt, professor de economia na Universidade de Chicago, em parceria com o jornalista Stephen J. Dubner. A obra defende teses polêmicas, coloca em dúvida coisas rotineiramente tidas como certas e vendeu três milhões de exemplares em todo o mundo

Pode-se conhecer o trabalho da dupla de autores e seus parceiros através do blog freakonomics.com cujo subtítulo é “The hidden side of eveything”.  O conteúdo do blog é interessante e aborda acontecimentos segundo um viés diferente do adotado pela mídia em geral. Em alguns casos pode-se dizer que o temário resvala na chamada cultura inútil.  

A verdade é que no mundo atual as pessoas são ocupadas demais, correm muito e estão se desencontrando. Uma das consequências desse desencontro é a perda do hábito de conversar por conversar, ainda que da conversa não resulte nada de útil. O chamado papo-furado, instigante e tantas vezes interessante, vai cedendo lugar a assuntos pesados, trocas de idéias que fecham semblantes e acrescentam preocupações à já nada desprezível carga de problemas enfrentados pelas pessoas.

É desse modo que temas perfeitamente irrelevantes deixam de ser discutidos. Coisas como frases demoníacas gravadas em rotação contrária em CDs e LPs, visões de fantasmas, presença em nosso meio de alienígenas disfarçados, fórmulas mágicas, hábitos estranhos, a tal loucura mansa etc, vêm sendo perigosamente abandonadas. Vai daí que é  com grande prazer que leio no Freakonomics.com, de 13 de maio, um artigo de Lewitt e Dubner sobre a fórmula da Coca-Cola. Escrevem os dois autores sobre um anuncio da Coca-Cola que declara que apenas duas pessoas em todo o mundo conhecem a fórmula secreta do refrigerante. Isso quer dizer que se as duas morrerem, os viciados em Coca-Cola estarão fritos: não mais encontrarão nos bares e supermercados o delicioso refrigerante. Será o tão temido fim da Coca-Cola.

Não importa que a mensagem veiculada pelo anuncio não seja verdadeira (será?). O fato é que abre uma discussão inútil sobre a tão falada fórmula secreta para a produção do refrigerante a ponto de merecer um artigo de dois renomados autores. Aliás, é bom se diga, a Coca-Cola sempre foi cercada por histórias estranhas. Uma delas e absolutamente fantástica é a que circulou durante alguns anos dando-nos conta de que seriam adicionados ao refrigerante ingredientes que fariam os seus consumidores pender ideologicamente em favor dos Estados Unidos. Desse modo a Coca-Cola, um dos ícones do capitalismo norte-americano, seria uma arma de adesão à política e modo de ser do grande povo do norte.

E olhe que existem piadas(?) sobre gente de esquerda que não tomava Coca-Cola para não ser contaminada pelas idéias capitalistas.

Creio que esse texto seja uma demonstração do valor da cultura inútil e da necessidade de revitalizar, com urgência, o papo-furado.