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Milton Buzzeto
Conheci o Milton em casa de meu sogro. Eram amigos de toda uma vida, gostavam-se e respeitavam-se muito.
No dia em que o conheci o Milton estaria por volta dos 70 anos de idade. Já não gozava da força que, segundo consta, o caracterizara no passado. Mas, algo alquebrado, mantinha lucidez e memória intacta. Na ocasião fiquei sabendo que o Milton fora jogador e técnico de futebol. Na verdade, eu não associara o Milton que tinha à minha frente com o Milton Buzzeto, jogador profissional, mais tarde técnico de equipes profissionais de futebol.
Acontece que o Milton era um homem extremamente cuidadoso no que se referia a si mesmo. De modo algum gabava-se de sua trajetória. Aliás, mostrava-se bastante econômico nas narrativas sobre sua carreira. Falou-me que jogou no Palmeiras, no Juventus e de seu trabalho como técnico. Sem detalhes. Se bem em lembro referiu-se também a uma excursão à Europa, não sei se como jogador ou técnico.
O jornalista Milton Neves realiza excelente trabalho numa sessão de seu site, chamada “Que fim levou”. Trata-se de uma preciosa coletânea de informações sobre gente do esporte, garimpada entre pessoas remanescentes cujas memorias contribuem para compor o perfil de cada um dos enfocados. Entre eles está Milton Buzzeto sobre quem consta, inclusive, elucidativo arquivo fotográfico.
Pois foi através dessas fotografias que pude alcançar a muito meritória trajetória do Milton. Foi ele zagueiro, “becão” forte. Nos anos 50 do século passado fez parte da equipe titular do Palmeiras. Jogou, por exemplo ao lado do centroavante Mazzola que seria titular da seleção brasileira no jogo de estreia contra a Áustria, na Copa de 58. Como se sabe Mazzzola jogou na Itália onde passou a ser conhecido pelo nome de “Altafini”. Ainda no Palmeiras Milton fez parte das retaguardas em que jogavam Valdemar Carabina e Valdemar Fiume.
Depois veio Juventus no qual Milton jogou por alguns anos. Há foto de lances em que Milton disputa a bola com Pelé, em jogo realizado no estádio da Rua Javari.
Encerrada a carreira como jogador, Milton tornou-se técnico do Juventus. Ficou famoso pela chamada “retranca”, sistema de defesa fechada que impedia o avanço dos craques adversários ao gol. Ressalte-se, ainda, o período em que Milton foi técnico do Corinthians.
Milton Buzzeto faleceu nesta segunda-feira. Sua morte foi lamentada no mundo esportivo do país. Comentaristas de renome falaram sobre ele, enaltecendo sua participação no futebol.
De minha parte lamentei não só a perda de Milton como, também, a da oportunidade de tê-lo biografado. Chegamos, eu e ele, a falar sobre essa possibilidade. Disse-me que teria muito a contar sobre o mundo do futebol, jogadores e dirigentes com quem conviveu. Mas, estivemos pouquíssimo tempo juntos. Milton morava em cidade distante e não tivemos oportunidade de levar adiante o projeto da biografia. Uma pena.