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A guerra dos macacos
No filme “Planeta dos macacos - A Guerra” vemo-nos em situação interessante. O acaso de um erro de manipulação genética tornou os macacos inteligentes. Diante da impossibilidade de convivência pacífica entre homens e macacos acontece a guerra. Um coronel comanda um grupo de soldados que aprisiona macacos e os submete à fome e sede. César, líder dos macacos, é preso e torturado. A luta encarniçada parece não ter solução, nem fim.
Somos induzidos a aceitar que aos humanos não resta outra possibilidade que não a de eliminar os macacos. Constrange-nos a maldade dos homens que tratam os animais inteligentes como nada mais que coisas. O mundo pertence ao homem e a civilização humana ameaçada deve ser salva custe o que custar.
Eis aí um conflito a exigir do espectador que tome partido. Afinal, somos favoráveis aos homens ou aos macacos? Questão difícil, mas que, do modo como nos é colocada, fácil de resolver: a torcida é pela vitória dos macacos.
Pesa nessa decisão o cansaço pela conhecida maldade humana. No filme o homem é o predador, o macaco a vítima. O coração pende para o lado dos humilhados e torturados. O macaco se revolta, mas deixa transparecer que, no fundo, quer o bem. E dá no que dá, assunto para quem assistir a película e se decidir.
A imagem de Charlton Heston, andando numa praia deserta e dando com a Estátua da Liberdade destruída está gravada em nossas memórias. O primeiro “Planeta dos Macacos” dava-nos conta do fim da civilização humana e da supremacia dos macacos. O problema persiste nos filmes do gênero mesmo passadas décadas da realização do primeiro.
Mas, afinal, seríamos mesmo contra a nossa espécie caso fôssemos levados às condições extremas propostas no filme? Não creio. Talvez por isso a supremacia dos macacos não nos encante, por mais que tomemos o partido deles no escuro das salas dos cinemas.