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O estigma da violência

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Em hospital do Distrito Federal um travesti aidético, irritado com a demora para o atendimento de um colega, apropriou-se de uma seringa e retirou seu próprio sangue. Em seguida gritou no corredor, picou com a seringa a enfermeira-chefe e mordeu uma funcionária. As duas mulheres receberam o coquetel de medicamentos contra AIDS e não correm o risco de ser infectadas.

A notícia se perde entre outras notícias policiais, crimes violentos e terríveis como esse, ainda não esclarecido, da advogada que foi jogada com seu carro numa represa em Nazaré Paulista. De tal forma nos habituamos à ocorrência de atos violentos que eles passaram a fazer parte do cotidiano como algo que nos revolta, mas sem remédio.

Entretanto, é de se imaginar o horror de um homem armado com uma seringa na qual existe um vírus causador de doença ainda sem cura. As causas que levaram esse homem ao ato extremo, sua história pregressa e a descabida ação por ele praticada fogem ao espectro das ações esperadas para seres humanos. Talvez o desvario sirva para amenizar um pouco o ato do aidético que em determinado momento insurgiu-se contra pessoas inocentes, tentando inoculá-las com um mal que as faria sofrer durante o resto de suas vidas.

Nenhuma pena que ao travesti seja aplicada – aliás, necessária e impositiva - reduzirá a miséria da situação em que ele e outras pessoas se envolveram.

Escrito por Ayrton Marcondes

23 junho, 2010 às 11:23 am

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Abaixo os feiticeiros

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Para quem não sabe, Gâmbia fica na África Ocidental e tem população de 1,7 milhão de habitantes. O país faz fronteira com o Senegal e, a oeste, seu litoral é banhado pelas águas do Atlântico. É para as praias dessa região que se destinam, anualmente, turistas europeus.

O regime político de Gâmbia é o presidencialismo. O atual presidente é o Dr. Al-Haji Yahya Jammeh, ditador que não perdoa adversários políticos a quem persegue, tortura, manda prender e, em muitos casos, faz desaparecer. O modo especial de ser do presidente inclui medidas incomuns como a ameaça de decapitar gays e outras consideradas absurdas. Não é homem dado a amenidades.

Gâmbia é o menor país da África, raramente despertando interesse da opinião internacional. Agora o The New York Times publica notícia sobre as atividades do ditador Jammeh que tem se dedicado à perseguição de feiticeiros os quais, em sua opinião, estão prejudicando o país. É assim que gambianos têm sido retirados de suas aldeias sendo obrigados a ingerir um estranho líquido malcheiroso que causa alucinações, dores e, em alguns casos a morte. Trata-se, portanto, de uma campanha para eliminar a bruxaria. O governo nega, mas testemunhas confirmam a perseguição.

O caso, por si só insólito, também chama a atenção por quebrar a conhecida regra de boas relações entre políticos, feiticeiros e videntes, observada mundo afora. Em nosso país, por exemplo, existem - e existiram - políticos que se aconselham com oráculos de plantão, os quais não raramente os auxiliam na tomada de decisões. Aliás, banhos protetores, rezas, trabalhos e consultas a búzios e cartas de tarô fazem parte de um arsenal que acompanha a vida de muitos brasileiros, povo muito inclinado a sincretismos religiosos.

Vai daí que em relação a Gâmbia, país em que, segundo o Times, o presidente manda tratar a AIDS com ervas e bananas, soa muito estranha essa perseguição aos feiticeiros. Talvez o Dr. Jammeh tenha notícia de que os bruxos estejam unindo esforços sobrenaturais para apeá-lo do poder. De qualquer modo, que fiquem tranqüilos os feiticeiros do Brasil: a moda de perseguição a eles aqui não pega, de jeito nenhum.

Escrito por Ayrton Marcondes

9 junho, 2009 às 8:39 am

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