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Abaixo os feiticeiros
Para quem não sabe, Gâmbia fica na África Ocidental e tem população de 1,7 milhão de habitantes. O país faz fronteira com o Senegal e, a oeste, seu litoral é banhado pelas águas do Atlântico. É para as praias dessa região que se destinam, anualmente, turistas europeus.
O regime político de Gâmbia é o presidencialismo. O atual presidente é o Dr. Al-Haji Yahya Jammeh, ditador que não perdoa adversários políticos a quem persegue, tortura, manda prender e, em muitos casos, faz desaparecer. O modo especial de ser do presidente inclui medidas incomuns como a ameaça de decapitar gays e outras consideradas absurdas. Não é homem dado a amenidades.
Gâmbia é o menor país da África, raramente despertando interesse da opinião internacional. Agora o The New York Times publica notícia sobre as atividades do ditador Jammeh que tem se dedicado à perseguição de feiticeiros os quais, em sua opinião, estão prejudicando o país. É assim que gambianos têm sido retirados de suas aldeias sendo obrigados a ingerir um estranho líquido malcheiroso que causa alucinações, dores e, em alguns casos a morte. Trata-se, portanto, de uma campanha para eliminar a bruxaria. O governo nega, mas testemunhas confirmam a perseguição.
O caso, por si só insólito, também chama a atenção por quebrar a conhecida regra de boas relações entre políticos, feiticeiros e videntes, observada mundo afora. Em nosso país, por exemplo, existem - e existiram - políticos que se aconselham com oráculos de plantão, os quais não raramente os auxiliam na tomada de decisões. Aliás, banhos protetores, rezas, trabalhos e consultas a búzios e cartas de tarô fazem parte de um arsenal que acompanha a vida de muitos brasileiros, povo muito inclinado a sincretismos religiosos.
Vai daí que em relação a Gâmbia, país em que, segundo o Times, o presidente manda tratar a AIDS com ervas e bananas, soa muito estranha essa perseguição aos feiticeiros. Talvez o Dr. Jammeh tenha notícia de que os bruxos estejam unindo esforços sobrenaturais para apeá-lo do poder. De qualquer modo, que fiquem tranqüilos os feiticeiros do Brasil: a moda de perseguição a eles aqui não pega, de jeito nenhum.