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Pirataria em alto mar
O mar sempre fascinou poetas, contistas e romancistas. Joseph Conrad (1857-1924), um polonês que escrevia em inglês, é um grande romancista em cuja obra são frequentes narrativas envolvendo temas relacionados ao mar. Entre muitos livros, Conrad escreveu “Lord Jim” e “O coração das trevas”, este último utilizado por Francis Ford Coppola para o roteiro do filme “Apocalipse Now”. “Lord Jim” e “O Coração das Trevas” são leituras obrigatórias para todos os que se interessam por literatura.
Entre as histórias sobre o mar têm muito destaque e contam com a preferência do público as que envolvem a pirataria. Recentemente os cinemas exibiram filmes da série “Piratas do Caribe” arrastando multidões às salas de exibição. O fato é que existe uma tendência a olhar os piratas romanticamente. Eles representam um tipo de “fora-da-lei” que se move nas imensidões dos oceanos e à sua imagem ligam-se aspectos de aventura, coragem, protesto, conquistas e por aí afora.
Se a ficção trata os piratas como seres errantes e nem sempre comprometidos com o banditismo a realidade é bem outra. A própria História do Brasil é marcada por episódios de pirataria nos quais a intenção nada romântica dos piratas era saquear a costa marítima do país. Um deles, Thomas Cavendish (1555-1592), corsário inglês, saqueou as Vilas de Santos e São Vicente em 1591. Fato curioso é que anos atrás um bar, em Santos, adotou o nome de Thomas Cavendish numa curiosa homenagem ao bandido dos mares.
Mas o que pouca gente se dá ao trabalho de reparar é o fato de que a pirataria ainda existe nos dias de hoje e sob formas muito violentas. Nesses dias o navio alemão Hansa Stavanger está em mãos piratas somalis, aprisionado que foi há três meses. A notícia está no semanário alemão “Der Spiegel” que reproduz a mensagem enviada pelo capitão do navio. Diz o capitão: não aguentamos mais.
Segundo o “Der Spiegel” o capitão refere-se ao fato a tripulação aprisionada estar exausta física e emocionalmente. Cada dia de cativeiro é mais um dia de inferno: comida e água são insuficientes, os piratas estão cada vez mais agressivos, há tripulantes doentes e a tripulação é frequentemente ameaçada de morte.
O Hansa Stavanger foi atacado subitamente no Oceano Índico. Atingido por dois projéteis que incendiaram a ponte e por rajadas de metralhadoras, o navio foi dominado. Inicialmente os piratas exigiam US$ 15 milhões e agora pedem US$ 6 milhões. Ameaçam destruir o navio caso não recebam o dinheiro. As negociações prosseguem e a situação dos reféns é insustentável. Tentativas de resgate revelaram-se perigosas demais e infrutíferas.
Os piratas somalis desmentem as imagens românticas sobre piratas mostradas em vários filmes. Dias de terror e medo acontecem a bordo do Hansa Stavanger, navio cargueiro de containers de Hamburgo. Como diz o “Der Spiegel”, o jogo não é apenas sobre vidas humanas – é sobre dinheiro. Muito dinheiro.