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Em torno da governabilidade
Nem todo mundo sabe o que é governabilidade de modo que alguns políticos costumam explicar o significado dela quando a utilizam em suas declarações. Eles tratam a governabilidade como mal necessário dentro do sistema político em curso no país. Em suma, só é possível governar com a sustentação de uma base aliada composta por parlamentares de alguns partidos. Ocorre que o apoio desses parlamentares se faz em função do toma lá da cá. Troca de favores, portanto, na qual os parlamentares aprovam projetos do governo recebendo algum tipo de favorecimento. Isso representa que a máquina administrativa funciona sob os fluídos de uma eterna negociação. Não havendo outro jeito o que se pede é transparência e preservação de princípios de honestidade. Não se negociam princípios essa deve ser a regra que, infelizmente, nem sempre é cumprida.
O grande problema está no fato de que um sistema dessa natureza exige a presença de um gerente capacitado a comandá-lo. Há que ser firme, impor respeito e apto para negociações para que os parlamentares não passem a exigir demais. São essas as qualidades que se esperam do presidente da República daí as críticas que se avolumam em torno do governo de Dilma Roussef. Dela se diz que governa dentro de gabinete, não dialoga e têm proporcionado momentos de perigosos recuos diante de seus aliados, submetendo-se às exigências deles. Posições que deveriam ser firmes não o são de fato e já se fala que a firmeza não é um dos atributos da presidente.
Para piorar um governo de apenas seis meses de duração já perdeu dois ministros acusados de corrupção. O primeiro, da Casa Civil, era figurinha carimbada do governo anterior ao qual teve que renunciar sob o peso de graves acusações; o segundo, dos Transportes, não resistiu a denúncias de superfaturamento de obras e ao crescimento de 86 mil por cento verificado em empresa de um filho dele, isso no prazo de dois anos.
O que nos conduz ao mentor desses arranjos, o ex-presidente Lula. Afinal, foi ele quem tirou da cartola a então desconhecida que hoje ocupa a presidência da República. Os dois ministros acusados de corrupção são, também oriundos do governo dele. Desses e outros fatos fica a impressão de que pode ter existido uma estratégia, agora em curso, de retorno ao governo. Um presidente bom e forte dificultaria a volta de Lula ao poder. Pode até ser que esse raciocínio não passe de pura elucubração diante de acontecimentos que preocupam a opinião. Mas que o caminho para o retorno vai ficando cada vez mais transitável, isso vai. Afinal, fazer-se necessário sempre foi o melhor meio de não ser esquecido.