Ashely Judd publica autobiografia at Blog Ayrton Marcondes

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Autobiografias

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Há quem tenha muito a contar sobre si mesmos daí as autobiografias serem benvindas. Lemos biografias e autobiografias porque nos interessa saber a opinião ou o ponto de vista de personalidades marcantes que, de uma forma ou de outra, interferiram em nossas vidas muitas vezes afetando o nosso modo de pensar. No caso de autobiografias existe um acordo tácito entre leitores e o autor: espera-se dele a verdade, que não minta ou exagere. Sem isso as autobiografias carecem de sentido e revelam-se um engodo desnecessário. Que fique bem claro: autobiografias não pertencem ao gênero da ficção.

Existem pessoas, em geral celebridades eleitas pela mídia, que publicam autobiografias que parecem servir a elas para exorcizar os seus demônios. Trata-se de confissões públicas, muitas vezes lavagem de roupa suja de um passado que se quer a todo custo apagar. Em alguns casos essas autobiografias também funcionam como acerto de contas com pessoas que, de um ou outro modo, prejudicaram o biógrafo que delas se vinga publicamente, expondo os seus podres. Para o inferno aqueles que merecem nele estar, esse parece ser o real motivo que leva algumas pessoas a escrever sobre si mesmas sem esquecer-se de dinamitar alguns de seus desafetos.

“All That Is Bitter & Sweet” é o título da autobiografia da atriz Ashely Judd que acaba de ser lançada nos EUA. No livro a atriz confessa que sofreu abusos sexuais em sua infância. Relata, com detalhes, que um amigo da família a fez sentar-se no colo dele e introduziu a língua em sua boca. Também conta que sua família usava maconha regularmente e que seu pai consumia alucinógenos. A mentira era comum na família: a mãe da atriz, lenda da música country, mentiu ao marido sobre sua paternidade em relação a uma irmã de Ashley: ele não sabia que a outra menina não era filha dele.

Sabe-se que confissões desse gênero encontram ávidos consumidores, pessoas que se comprazem em saber que por detrás da aparência limpa de uma celebridade existe um mundo oculto de podridão que iguala os famosos aos mortais comuns. Entretanto, é o caso de se perguntar a quem realmente interessa uma história dessas. Pois, a resposta é bem simples: interessa à Ashley Judd que não só se vinga de seus familiares e amigos próximos como se liberta da pesada carga que carregou até agora, ela que tem 42 anos de idade.

Estranho o caminho escolhido por certas pessoas para o ajuste de contas com o seu passado. No caso de Judd certo grau de despudor abre as comportas de sua alma que se revela aos seus leitores. Mas, também há que se pensar no custo e benefício do ato a que Ashley Judd se impôs. Convenhamos que uma biografia da atriz, sem essa pitada de nonsense, dificilmente vingaria no mercado editorial. É a força da miséria, pois, que projeta a atriz e seu livro, fazendo de ambos objeto de observações, como essas aqui grafadas.