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Acidentes
Tememos acidentes. Quando ocorrem suas consequências podem ser terríveis. Thomas de Quincey escreveu e publicou o livro “Do assassinato como uma das belas artes” (On murder considered as one of the Fine Arts). Quincey recomenda apreciação estética dos assassinatos numa palestra a um clube de cavalheiros. Se um incêndio acontece, por exemplo, fato consumado, que se observe dele o lado belo. A sátira de Quincey foi bem recebida em seu tempo - a obra foi publicada em 1827. Até hoje recebe a atenção dos leitores.
Mas, a realidade não é assim. Grandes acidentes nos levam a ponderar sobre o sentido da vida. A morte simultânea de muitas pessoas é inquietante. Que fator teria reunido mais de 200 pessoas num mesmo voo do qual não restou um único sobrevivente? Que dizer de aviões que desapareceram sem deixar vestígios? Para onde foram as 239 pessoas que viajavam pela Malasya Airlaines num voo sobre cujo final até hoje restam dúvidas?
Que estranha coincidência reúne diferentes veículos num acidente de trânsito? Por que estariam justamente naquele lugar, naquele instante, aquelas pessoas cujas vidas seriam roubadas num acidente envolvendo vários veículos?
Perguntas sem resposta que desafiam a nossa compreensão. Elas retornam nesta manhã quando recebemos a notícia de grave acidente, ocorrido na noite de ontem, na estrada que liga o Vale do Paraíba a Campos do Jordão. Na pista de descida da serra, pouco além do trevo para Santo Antônio do pinhal, um ônibus turístico desgovernou-se. Seguiram-se colisões com cinco veículos e uma moto. Após o que o ônibus despencou ribanceira abaixo. O saldo foram 10 mortos e muito feridos.
Naquela estrada, naquele lugar, naquele instante. Pessoas do litoral que passaram o dia divertindo-se em Campos naquele trecho encontraram a morte. A reação dos familiares é de estupefação. A nossa de alerta num momento em que se discute abrandamento das leis de trânsito. O assunto não mereceria nem menção dado estar ligado a segurança das pessoas que circulam em nossas estradas. Mas, que fazer se vivemos novos tempos nos quais propostas estranhas aparecem a toda hora, desafiando nossa capacidade de entendimento?