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Vem aí um cometa
Talvez porque meu pai sempre falasse sobre cometas eu me tornei aficionado desses tipos de corpos celestes. Meu pai era menino pequeno quando viu o cometa Halley em 1910. Naquela aparição o cometa foi recebido com verdadeiro pavor pela população. Falava-se sobre os gases venenosos que teria em sua longa e brilhante cauda, gases esses que seriam mortais aos seres humanos. Consta que houve grande alvoroço em todo o mundo durante a visita do Halley ao espaço próximo da Terra. Do pavor gerado pelo cometa resultaram a produção e venda de máscaras para proteção contra gases venenosos, vestuários protetores e até comprimidos que salvariam milagrosamente aqueles que fossem atingidos pelo veneno.
O Halley passa perto da Terra a cada 76 anos. Meu pai o viu em 1910 e eu em 1986. Estávamos nas montanhas e fui com meu filho a um ponto no qual podíamos observar o cometa. Lembrei-me de que meu pai contava ter visto um cometa grande no céu fato que se explica pela maior proximidade do corpo celeste com a Terra. Em 86 o Halley me pareceu acanhado. Podia, sim, ser visto, mas tão distante estava que perdera parte de seu encanto. Eu que sonhara ver um grande e luminoso cometa no céu fiquei decepcionado.
Agora se anuncia, para novembro deste ano, a passagem do cometa Ion. No momento o Ion aproxima-se da órbita de Júpiter, estando a 612 milhões de Km da Terra. Trata-se de um cometa cuja cabeça tem um diâmetro de 5000 km, sendo, portanto, maior que o tamanho da Austrália. Já a cauda tem 97,1 mil km.
Os astrônomos falam sobre a possibilidade de um espetáculo visual incrível durante a passagem do Ion perto da Terra. Isso é muito animador de vez que não verei a próxima passagem do Halley que se dará em julho de 2061 quando, certamente, terei de há muito tornado ao pó.
Há pouco faleceu um amigo que adorava observar o cosmo. Rapaz de poucos recursos empenhou suas economias na compra de uma luneta, isso no início dos anos 60. Era comum vê-lo com a luneta sobre um tripé observando o céu. Familiarizara-se com o nome e a posição das constelações e sempre dizia ter visto a queda de pequenos meteoros. Conhecia bem os mistérios da Lua de modo que recebeu com alegria a chegada dos astronautas americanos ao satélite.
O sonho do amigo a que me refiro era estudar astronomia. Não pode levar adiante o seu plano dadas as dificuldades da vida. Mas, sempre que eu o encontrava, arranjava tempo para me falar sobre o espaço, paixão da vida dele. Eu fiquei só com os cometas, sonho de vê-los com os olhos de meu pai em 1910 quando, assim contava ele, houve até gente que se matou por medo dos efeitos da passagem pelos nossos céus.
Matéria Escura
Os cientistas estão muito perto de identificar os componentes da matéria escura. Confesso que até recentemente eu nunca tinha ouvido falar sobre a matéria escura. Na verdade ela é o componente mais abundante do universo, estima-se que se constitua em 25% dele. Entretanto não pode ser vista porque não emite luz, aliás, daí o nome “matéria escura”. Isso quer dizer que todas as constelações que podem ser vistas e identificadas no espaço nada mais são que uma parte do universo.
Até agora supunha-se que a matéria escura fosse constituída por partículas subatômicas menores que prótons elétrons e nêutrons. O problema maior dos pesquisadores é justamente localizar a matéria escura e identificar os seus componentes. Hoje se noticia que cientistas acabam de encontrar vestígios de matéria escura no espaço. A descoberta foi feita através do detector de partículas cósmicas que fica na Estação Espacial Internacional. O que se descobriu foi um excesso de partículas subatômicas de carga positiva, denominadas pósitrons. Supõe-se que os pósitrons resultam da colisão de partículas que formam a matéria escura. Ou seja, os pósitrons funcionam como indicadores da existência e localização da matéria escura.
As notícias sobre o universo sempre despertam a nossa curiosidade. Elas nos fazem refletir sobre a precariedade do planeta em que vivemos no qual circunstancialmente existe vida. A Terra é um quase nada em meio à imensidão do universo desconhecido. É nesse mesmo universo que galáxias desparecem em buracos negros mostrando uma fome de destruição que teme-se chegue até nós.
Enquanto isso não acontece tudo prossegue com a indiferença de sempre em relação ao planeta em que vivemos. Hoje a Coreia do Norte divulgou estar na iminência de atacar o território dos EUA, possivelmente com o uso de armas nucleares. O jovem ditador Kim Jong-un parece empenhar-se na realização de um conflito cujos resultados serão dramáticos. Até agora as declarações do governo norte-coreano estavam sendo entendidas como tentativas de pressionar a vizinha Coreia do Sul. A declaração de hoje põe mais lenha na fornalha e sabe-se lá o que virá pela frente.
Passagem de asteroide
Acho lindas, mas não gosto muito de ver fotos da Terra tiradas do espaço. O mundo visto de fora informa-nos não só sobre a nossa pequenez pessoal, mas também a do planeta em que vivemos quando temos por perspectiva o universo.
Um astronauta que está na Estação Espacial Internacional tem publicado fotos impressionantes da Terra. Oceanos, continentes, cidades, cordilheiras e outras regiões do planeta surgem aos nossos olhos como se olhássemos para nós mesmos sem que não nos conhecêssemos. A grandeza do mundo em que vivemos parece sucumbir diante da aparente fragilidade da Terra, planeta em órbita como tantos outros corpos celestes nos quais imaginamos possa existir vida.
A sensação de fragilidade aumenta quando descobrimos estar a Terra exposta a acidentes provocados por colisões com meteoros, asteroides, cometas etc. Hoje mesmo um asteroide cujo diâmetro é de 45 metros passará perto da Terra. Ontem um meteoro caiu em território russo provocando grande explosão que causou danos a uma cidade situada a 80 Km do lugar onde se deu a colisão. Estilhaços de vidraças e outras ocorrências feriram quase mil pessoas, estando algumas em estado grave.
Há pouco tempo noticiou-se que meteoros passam com alguma frequência perto da Terra daí a necessidade de aprimoramento de aparelhos que permitam identificá-los. A ideia é a de desenvolvimento de meios que permitam a destruição de corpos celestes que possam atingir a Terra, evitando-se catástrofes de grande monta.
Falar sobre o espaço e seus perigos leva-nos a pensar no quanto estamos aqui “dentro”, voltados ao nosso próprio umbigo. Ontem a Coréia do Norte explodiu bomba de material nuclear, alarmando o mundo porque talvez em breve o país possa dispor de armas atômicas capazes de atingir os odiados Estados Unidos e a Coréia do Sul. Considerando-se as crises econômicas, as guerras e as rusgas existentes entre governos e povos irreconciliáveis é de se perguntar como ficariam as coisas se de repente descobríssemos uma ameaça frontal ao nosso planeta vinda do espaço. Será que pelo menos por um momento os seres humanos se uniriam diante da ameaça de destruição total?
Mas, o melhor é não pensar muito e deixar pra lá. O asteroide vai passar perto ainda hoje e os cientistas garantem que não nos ameaça. Daqui a alguns dias o meteoro que caiu na Rússia terá sido esquecido e tudo continuará como dantes no quartel de Abranches. Tudo em conformidade com o modo de ser dos seres humanos.
Asteróide incômodo
Você já ouviu falar do Toutatis? Trata-se de um asteroide cuja órbita é quase igual à da Terra. Ele não é pequeno: tem diâmetro de 4,3 km. Na última quarta-feira o Toutatis esteve à distância dezoito vezes maior do que a que nos separa da Lua.
O Toutatis passa perto da Terra de quatro em quatro anos. Na penúltima vez esteve a uma distância igual a quatro vezes a que existe entre a Terra e a Lua. Entretanto, os astrônomos dizem não haver motivos para preocupações nas próximas centenas de anos porque nesse período não existe a possibilidade do asteroide se chocar com o nosso planeta.
Essa notícia sobre o Toutatis acende no espirito a interrogação de sempre sobre as forças que comandam o universo e esses corpos gigantescos que voam por aí sem que neles exista o menor sinal de vida. A ciência explica a vida em nosso planeta como resultado de um conjunto de circunstâncias que permitiram que moléculas se organizassem nos mares primitivos e dessem origem ao primeiro ser vivo. A partir daí a evolução fez o resto e eis que hoje se ergue a civilização humana resultante de um imenso jogo de probabilidades que acabou dando certo. Obviamente existem restrições a esse modo de ver as coisas, bastando-nos lembrar das muitas vertentes religiosas que se opõem à explicação evolucionista.
Em todo caso essa história de um grande fantasma sob a forma de asteroide rondando a Terra é sempre preocupante. As órbitas percorridas pelos corpos celestes fazem-nos imaginar um universo no qual os elementos sólidos mais parecem presos por fios muitos fortes que os obrigam a se manterem em determinadas posições. Esse fato sugere que pode vir a acontecer a essas galáxias algum tipo de desencontro no qual os cabos que seguram as partes sólidas formem um grande emaranhado e tudo se desarranje numa imensa explosão. Claro que isso fica mais por conta de um filme de ficção que de uma possibilidade real e palpável. Mas, quem sabe no que tudo isso vai dar?
Recentemente assisti, pela TV, a um programa em que cientistas falavam sobre a possibilidade de asteroides virem a se chocar com a Terra. Citavam o grande asteroide que caiu na região do Golfo do México, levantando a poeira que impediu a chegada dos raios solares e levou à extinção os grandes répteis que haviam dominado a Terra por milhares de anos. Em conclusão os cientistas chamavam a atenção dos governos para a necessidade de adoção de medidas protetoras, ou seja, estudos visando a possibilidade de no futuro estarmos à mercê de alguma colisão.
A vida é breve, mas as gerações se sucedem. Os filhos de nossos filhos também têm filhos e a continuidade da vida representa que a civilização terá um futuro com o qual há que se preocupar. Não se sabe como as coisas se passarão em algumas centenas de anos, nem mesmo se a população humana vencerá os desafios que hoje a ela se impõem, grande parte deles relacionados com a ecologia do planeta. Por isso, informes sobre asteroides rondando o lar em que vivemos são sempre preocupantes. O tempo passa muito depressa para que nos demos ao aluxo de ignorar possibilidades de ameaças ao planeta, ainda que distantes.