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Sim ou não
Na briga Batman X Superman não tenho dúvidas: sou Batman. Batman é um cara dos nossos. Depois daquela série de quatro gibis que anunciaram o “novo Batman” passamos a ter um super-herói mais humano, problemático, com dramas de consciência, marcado por ter assistido ao assassinato dos pais em criança. Já Superman é Superman. Gosto dele, mas o cara veio de Kripton, enviado pelo pai Jor-El quando o planeta explodia. Chegou aqui já com superpoderes tais como o de voar e a grande força. Sua fragilidade está no uso do mineral kriptonita ao qual é sensível, perdendo os poderes quando exposto a ela. Batman não voa, aceita porrada, tem o batmóvel que é fantástico e precisa, muito, do apoio de seu mordomo Alfred que o criou depois da morte de seus pais.
Poderia citar outras situações nas quais é bem possível optar por um dos lados sem medo de errar. Agora não me peçam para escolher entre impeachment ou não. Como saber o que de fato é melhor na grave situação que parece não ter fim?
O governo da presidenta está acabado, não restam dúvidas. A presidenta deu mostra de que não tem como reorganizar o poder, dado incorrer numa lamentável sequência de erros primários. O governo e o partido situacionista não sabem fazer outra coisa que não a de negar diariamente acusações que se acumulam. A tudo rotulam como mentira deslavada. Não sei, nunca soube! O companheiro de véspera a quem se dava toda credibilidade passa a ser um mentiroso no dia seguinte em que confessa através de delação premiada. O companheiro que tinha reputação ilibada até a noite anterior passa a não se moralmente confiável na manhã seguinte quando decide delatar.
Razões não faltam para que se queira o fim do atual governo. A crise econômica, a recessão, o desemprego galopante, a paralisia da indústria, a retração do consumo, a queda nos investimentos, o dólar alto, o PIB que despenca, a inflação, a espantosa corrupção, a demolição da Petrobrás, a negociata das empreiteiras, a lista de descalabros parece não ter fim. O Brasil agoniza e faz-se preciso salvá-lo porque este é o barco em que estamos e morreremos juntos.
Por outro lado, as perspectivas do impeachment, após consumado, não são animadoras. O fim do governo não representa o fim da crise. Tudo continuará como dantes no quartel de Abrantes. Quem assumir o governo terá nas mãos o maior abacaxi de nossa história. Abacaxi amargo e nas mãos de quem? Esse “quem” é o maior problema. O Brasil de hoje não tem “quem”. De tal modo deturparam-se as ações dos políticos que não se sabe em quem confiar. As sessões da Câmara Federal mais parecem disputas entre grupos de jovens nos diretórios acadêmicos. Situação e oposição se apossam do hino nacional que, afinal, pertence mesmo é ao povo. Leiloam-se cargos, estabelece-se um comércio de compra e venda de cargos em troca de votos. No meio disso, em quem acreditar?
Algo precisa ser feito, com urgência, para recolocar o país nos trilhos. Mas, assim parece, sempre será um trem sem maquinista confiável. De modo que se tivesse que votar entre o sim e o não do impeachment ficaria em grande dúvida. Talvez votasse no sim pelo nojo à desfaçatez por tanta corrupção. Quem trabalha e ganha o suado e restrito salário do mês não pode se conformar com as fabulosas cifras de desvios praticados por um bando de ladrões.