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Brian Wilson Reimagines Gershwin
Aí está Brian Wilson reinterpretando a obra dos irmãos George e Ira Gershwin, naquilo que se convencionou chamar de “re-imaginação das músicas dos Gershwin”. O álbum se chama “Brian Wilson Reimagines Gershwin” e se compõe de doze faixas re-imaginadas pelo gênio de Brian.
Não deixa de ser emocionante ouvir a “Rhapsodhy in Blue”, de George, vertida pela imaginação de Brian. Trata-se do encontro atemporal de dois gênios. George Gershwin (1898-1937) compôs para a Broadway e músicas clássicas e populares. Suas composições têm sido gravadas ininterruptamente por artistas de renome e são muito conhecidas. Muita gente ouve composições como “Summertime” e “Love Is Here To Stay” sem identificá-las como de autoria de Gershwin.
George Gershwin morreu precocemente, aos 38 anos, de idade, vitimado por um tumor cerebral. Na ocasião estava em Hollywood, trabalhando numa partitura, e sofreu um colapso; a morte sobreveio durante cirurgia para retirada do tumor.
Brian Wilson é o grande criador dos Beach Boys que mudaram os rumos da música pop nos anos 60. Considerado um dos mais criativos e influentes compositores do século XX, Brian atingiu limites inimagináveis para a sua época com composições incríveis. O álbum “Pet Sounds”, de 1966 é tido como marco da música contemporânea e, quando não o primeiro, o segundo maior de todos os tempos.
Entretanto, o Brian Wilson que se ocupa da obra de Gershwin pode ser considerado como um renascido. No final dos anos 60 Brian começou a apresentar problemas mentais com lapsos que determinaram o fim de sua exuberância criativa. Seguiram-se surtos de depressão e psicose que evoluíram por cerca de 30 anos de tratamento psiquiátrico, internações e desintoxicações. Vez por outra Brian tinha momentos criativos, mas sem o lampejo de antes. Só depois do longo período de afastamento Brian voltou a se apresentar, embora ainda tenha algumas restrições, seqüelas de sua doença. Em 2004 decidiu terminar um álbum interrompido em 1967, denominado “Smile” que, quando lançado, foi aclamado pela crítica e milhares de fãs. Mas, o trabalho original de “Smile” só pode ser retomado com a ajuda de outros músicos dadas as dificuldades de concentração de Brian.
Em “Brian Wilson Reimagines Gershwin” Brian não se apresenta como simples cover dos tradicionais sucessos de George Gershwin. Embora o álbum tenha caráter romântico Brian foge do lugar-comum de muitas interpretações correntes e, mais que isso, reconstrói duas músicas inéditas de Gershwin: “The Like in I Love You” e “Nothing But Love”.
Existe um ensaio intitulado “Os Construtores do Mundo” o escritor austríaco Stefen Zweig (1881-1942) afirma que o século XIX não gostava de seus gênios. Cita como exemplos da mão pesada do século, entre outros, o grande poeta e romancista alemão Friedrich Hölderlin (1770-1843), que enlouqueceu aos 35 anos de idade, e o escritor russo Alexandr Serguéievich Pushkin (1799-1837), abatido num duelo em defesa da sua honra.
Não posso deixar de ver no fato de Brian Wilson interpretar tardiamente Gershwin uma ligação estranha entre gênios de alguma forma roubados à sua arte por fatores que afetaram dramaticamente os seus cérebros e criatividade, um deles morrendo, o outro sendo condenado a duradouro exílio criativo.