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Rumo ao Miss Universo
A nova Miss Brasil é gaúcha e se chama Marthina Brandt. Alta, loira, olhos claros, esguia, bonita, representará o país no concurso de Miss Universo. Um tio dizia não entender a aplicação do termo “universo” ao concurso. Universo é amplo demais, envolve outros planetas, estrelas, enfim tudo. Teríamos representantes dos quatro cantos do universo e o júri seria composto por juízes capazes de analisar belezas diferentes. Uma mocinha de Júpiter, por exemplo, talvez não estivesse dentro do padrão de beleza a que estamos habituados. E quanto à representante de um meteoro? De modo que para o meu tio o concurso deveria eleger a “Miss Terra”, restrição que tonaria a coisa mais real.
O fato é que hoje em dia concursos de misses não têm o apelo de antes. A turma mais nova não sabe, mas como se torceu pela baiana Martha Rocha, a mais bela miss brasileira da época. Falava-se muito sobre a sua derrota injusta porque os juízes teriam levado em conta duas polegadas a mais em seu quadril. Martha ficara em segundo lugar por um nada de duas polegadas a mais nos quadris não importava a ninguém saber que medidas representavam as tais polegadas. O pior é que só mais tarde se soube que essa história de polegadas a mais fora invenção de jornalistas brasileiros ávidos por inventar notícias. Mas, Martha Rocha já tinha se tornado padrão nacional da beleza brasileira, orgulho da nação. O ano era o de 1954. Um mês depois do concurso realizado em Long Beach Getúlio Vargas se suicidaria é o Brasil seguiria sua história de desajustes que culminaria no golpe militar de 1964.
Houve uma gaúcha que venceu o Miss Universo. Foi a Ieda Maria Vargas que ganhou em 1963 no concurso realizado em Miami Beach. Ieda vencia após três segundo lugares de brasileiras, o de Martha, Terezinha Morango e Adalgisa Colombo. Martha e a beleza brasileira estavam, finalmente, vingadas. Nova vitória da nossa beleza aconteceria em 1968 com Marta Vasconcelosno topo de Miss Universo.
Eram outros tempos nos quais os concursos de misses despertavam enorme interesse. Num avacalhado protesto de baianos contra cariocas e paulistas que diziam que baiano espera chuva pra ver como entra água no coco Gordurinha cantava a música “Baiano burro garanto que nasce morto”. Na letra exaltavam-se baianos célebres como Rui Barbosa e Castro Alves. De Martha Rocha cantava-se: “A Martha Rocha, violão baiano, foi mostrar pro americano que a Bahia já tem vez”.
Bons tempos de um povo em busca da identidade nacional ainda hoje não bem caracterizada. Pelo que só nos resta desejar muita sorte a essa beleza que é a nova Miss Brasil.