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De Clinton a Berlusconi
Todo mundo se lembra do forrobodó envolvendo o affaire do então presidente dos EUA, Bill Clinton, e a estagiária da Casa Branca, Monica Lewinski. Os descendentes dos puritanos do May Flower não perdoaram Clinton e saíram a campo exigindo o impeachment do presidente que, mesmo sob juramento, negara o fato. Quando a Lewinski conseguiu a notoriedade que desejava enquanto a hoje Secretária de Estado, Hillary Clinton, arranjou forças não se sabe onde para passar por aquela vergonheira toda.
Algo que na época se disse, alto e bom tom, foi que caso semelhante ao de Clinton, se acontecesse no Brasil, seria motivo de muita piada e mais nada. Lembrem-se do presidente Carlos Menen da Argentina tantas vezes citado como galanteador inveterado. Demais, parece que ao espírito latino certa permissividade dos homens mais acrescenta que subtrai. Embora a época do “homem é assim mesmo” tenha deixado resquícios, certo é que as mulheres deram um jeito de colocar as coisas em seus devidos lugares, rejeitando os excessos do machismo. Isso em teoria é verdade, porque, infelizmente perduram maus tratos a mulheres por parte de machões sem escrúpulos. As delegacias da mulher estão lotadas de casos escabrosos nos quais à quase sempre presente submissão econômica de esposas somam-se espancamentos, quando não ameaças de morte.
Para ser franco ao homem latino a figura do primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi aparece como a de um riquíssimo boa vida que se diverte à larga. Parece ser a ele inata um tipo de safadeza tão a gosto da macheza geral; ainda bem que ele tem condições de fazer o que muita gente gostaria, mas, simplesmente, não podem. De modo que Berlusconi surge como uma espécie de sujeito livre, acima das regras, cujo poder permite a ele ser como deseja e ponto final. No mais, sua simpática figura simula rir de tudo e de todos, talvez da época transtornada em que vive na qual as pessoas estão presas a obrigações e necessidades. Para que se tenha ideia disso basta lembrar que, após o escândalo que resultou na separação dele de sua mulher, perguntado em entrevista sobre o seu futuro amoroso, respondeu:
- Tem uma fila de mulheres que querem se casar comigo. Primeiro, porque sou simpático. Depois, porque tenho dinheiro e elas pensam “ele é velho, morre e eu fico com tudo”.
Esse é Berlusconi que, na mesma entrevista, aconselhou as jovens italianas a procurarem maridos ricos.
Até aí tudo bem, muito divertido etecetera e tal. Entretanto, a presença de mulheres italianas protestando e exigindo a saída de Berlusconi do poder impressiona muito mal. O fato é que a relação amorosa entre Berlusconi e uma menor de idade transformou-se num escândalo de proporções maiores. O primeiro-ministro será julgado por um Tribunal de Milão composto por três mulheres o que não parece ser bom sinal para ele. É acusado de ter promovido dezenas de orgias com prostitutas menores de idade. Ruby, uma delas, tem-se destacado: ela foi à televisão para dizer não manteve relações com Berlusconi. Entretanto, o Ministério Público afirma ter provas contundentes que incriminam o primeiro-ministro.
Dessa vez Silvio Berlusconi parece ter entrado numa bola dividida daquelas que estão mais para os adversários. De todo modo o atual escândalo está sendo apontado como uma vergonha para a Itália.
Pedofilia associada a um grande protesto de mulheres em praça pública: nada disso parece engraçado ou pitoresco em nenhum lugar do mundo. A ver como se comportará a justiça italiana e o destino de Silvio Berlusconi.