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O fim do universo
Não se sabe quando tudo começou. O Big Bang, formidável explosão, teria dado origem ao universo tal como o conhecemos. As estrelas que vemos no céu caminham para a extinção. O universo se expande, estrelas desaparecem. A teoria da relatividade geral e a mecânica quântica se opõem e deixam margens para dúvidas talvez insolúveis.
Assim caminha a humanidade. O homem olhando sempre para o próprio umbigo. Como se fôssemos só nós nessa imensidão que se chama universo. Aliás, universo múltiplo? Universo infinito ou finito? Em seu último trabalho Steven Hawking posiciona-se por um único universo e finito.
Mas, chegará o dia em que a Terra seguirá o caminho das estrelas e desaparecerá. Os buracos negros são famintos, engolem tudo. Quando? Ora daqui a milhares de anos quando, talvez, o nosso planeta não venha a ser nada mais que um deserto, girando em torno do sol.
Deus? Terá sido Ele? Quando perguntado sobre o que Deus fazia antes de criar o universo Santo Agostinho não respondia. Dizia: estava criando o inferno para gente que faz esse tipo de pergunta.
Deus. O criador. Não se sabe nada sobre Deus exceto reconhecê-lo pela fé. Afirmá-lo ou negá-lo não é possível com um simples impulso. Deus não é questão de opinião. Talvez nem mesmo de crença. Deus é enigma, o maior dos enigmas e isso basta dado ser impossível compreendê-lo.
Num mundo convulso onde cada vez mais os homens não se entendem, num mundo em que todas as teorias parecem ter falhado, num mundo em que nenhum sistema de governo logra unidades, nesse mundo seguimos desesperançados, perguntando-nos: afinal, o que é tudo isso? De onde viemos, para onde vamos?
A história é pródiga em casos de inteligências luminares que se convertem a Deus no fim de seus dias. Ateus de carteirinha muitas vezes bandeiam para o lado da fé quando acossados pela morte. Haverá um outro lado? Céu e inferno? Melhor não arriscar.
A velhice nos surpreende cada vez mais em dúvidas. Não nos foge a mínima dimensão de nosso mundo em perspectiva com a grandiosidade do universo. A morte nos visita sem que tenhamos respondido a perguntas que preocupam o homem desde os primórdios da civilização.
A ciência de Newton, Einstein, Planck, Heisenberg e tantos outros parece caminhar a passos lentos quando o assunto é a origem e fim de tudo.
Aí gente, Ele, o Sol
Confesso que não tenho confiança no universo. Essa coisa de espaço cheio de constelações e buracos negros, infinito, definitivamente não é confiável. A observação do céu e as sempre intrigantes fotos do “lá fora” me causam desconforto. No meio disso tudo a Terra não passa de um grão de poeira, um nada no qual experimentamos a nossa loucura de estarmos vivos com as nossas idiossincrasias. Nenhuma religião, nenhuma filosofia, parecem ser suficientes para abrandar a sensação de insegurança que me passa essa estrutura gigantesca da qual faz parte o planeta no qual fui geneticamente sorteado para existir.
Tem mais: a dependência do nosso Sol, essa estrelinha pouco mais que nada em meio à imensidão é apavorante. O nosso querido Sol, o que nos fornece energia e permite que a vida exista, será ele confiável? Não haverá naquele entranhado de incandescências uma gestão apocalíptica de explosão inesperada? Espécie de vingança contra o sistema planetário que dele depende?
Mas, quê? Estou a falar mal do belo Sol que nos ilumina e surge radiante aos nossos olhos a cada manhã que começa? Serei eu um desses mal agradecidos que reclamam do astro-rei sem dar a ele o devido valor? Pois que se vejam as fotografias do Sol tiradas pelo telescópio Ibis que nos mostram o forte contraste entre a densidade e a temperatura do astro que nos ilumina. Mas, o que vêm a ser as finas estruturas que aos olhos de um leigo não passam de um incompreensível e confuso emaranhado de coisas aparentemente desconexas, mergulhadas num turbilhão de reações explosivas? Será assim o nosso amigo Sol, aquele que nos proporciona os belos entardeceres, doura a pele dos banhistas e espalha alegrias nos quatro cantos do mundo?
Amigos, o Sol é belo de longe, mas que não se queira vê-lo de perto. Ele nos enternece quando atira seus raios sobre as águas, gerando cores belíssimas. Palavras não bastam para descrevê-lo quando, maliciosamente, se deita no horizonte, escondendo-se do outro lado do mundo, brincando de fazer noites e dias, marcando o ritmo dos calendários.
Sou muito grato ao Sol por tudo o que me proporciona. Mas, não consigo confiar nele, tão grande, tão forte, imenso, brilhante, talvez eterno, mas não nem tanto. Se um dia desses as coisas que as fotos revelam deixarem o seu jeito habitual de ser, rebelando-se contra a natureza de gerar o fogo que nos alimenta, então o nosso mundo desaparecerá como tantos outros astros que, segundo se noticia, somem em meio à grande voragem dos buracos negros que tudo engolem, indistintamente.