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O tal espelhinho

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As mulheres se entreolham indignadas: como cuidar dos pequenos nesse mundo perdido? Olhe que encontrei minha filha de 9 anos visitando um site erótico. Oh…. exclamam as amigas. Uma delas se levanta e, empertigada, avisa que já notificou o marido de que vai cortar a internet em casa. A amiga a contesta: não adianta porque podem usar a internet na rua, na escola, dos amigos e assim por diante. Não demora para que se instale o consenso sobre uma época sem educação e regras. O mundo não é mais o mesmo. Imagine nos meus tempos de menina meus pais tivessem me encontrado olhando cenas eróticas: eles me matariam.

A conversa se passa na sala da casa de uma das amigas. As mulheres junto ao sofá, os maridos à distância, em torno da mesa, bebericando. Ouvem em silêncio. Vez ou outra um deles torce a cara ao ouvir alguma opinião. Outro, mais velho, apenas sorri. Paira no ar um “não se pode beber em paz” que ninguém tem coragem de dizer.

Entretanto, a tantas, um deles se levanta e segue em direção às mulheres. Entre os que ficam á mesa surge o clima de “o que ele vai fazer?”. Mas, o que se levantou aproxima-se das mulheres e fica em pé, sem dizer nada. Elas o olham com curiosidade. Segue-se aquele minuto que parece durar uma eternidade. Depois, serenamente, o tal diz:

- Quando menino de 9 anos de idade eu jogava espelhinho no chão para ver o que tinha debaixo da saia das meninas.

- Oh….

No rosto das mulheres estampada a desolação. E ele continua:

- Senhoras, a curiosidade impera. Cortem a internet, tranque-os num quarto sem TV, rádio, computador, celular, revistas, jornais e continuarão a ser o que são: humanos. E curiosos.

Uma das mulheres ameaça protestar, mas desiste.

O homem que já se afasta para a meio caminho, volta-se e completa:

- Claro que temos que cuidar e velar por eles. Censurar a internet se possível. Mas, não se esqueçam de que são crianças. Repito: curiosos, muito curiosos. Humanos. O mundo os espera.