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O caminho do inferno
No momento da morte abrem-se três caminhos para a alma do desencarnado: purgatório, inferno e céu. A escolha do trajeto a seguir não depende da alma que adentra o novo e desconhecido espaço. Tudo depende de seu passado enquanto era vivo. Nesse terrível instante suas ações praticadas ao longo de sua laboriosa vida ganham peso, são julgadas. Numa balança desconhecida boas e más ações são criteriosamente colocadas nos braços da balança. Consta que boas atitudes são depositadas no lado direito enquanto as más merecem o lado esquerdo, mas isso talvez não passe de especulação. Quando o peso do mal revela-se muito superior ao do bem não existe acordo: a alma será encaminhada ao inferno. Se vence o bem o caminho será o céu. Equilíbrio entre os dois lados da balança resulta num estágio no purgatório.
Mas, a hipótese de exi.stência da balança é apenas uma entre tantas. Outra é a que atribui a São Pedro a função de porteiro do céu. As almas seriam conduzidas ao Santo que teria um livro no qual estariam gravados os malfeitos realizados em vida.. Pecadores contumazes seriam imediatamente conduzidos ao inferno. Boas almas teriam o privilégio de entrar no céu. Pecados considerados veniais dariam direito a uma temporada no pugatório antes de gozar as delícias do céu.
No mundo católico o inferno age como freio à prática do pecado. O medo de ser condenado a passar a eternidade no fogo infernal, sofrendo toda sorte de suplícios, funciona como barreira e convite a uma vida digna e isenta de pecados. Tem, portanto, o inferno lugar de destaque no imaginário humano. Evidentemente, não se sabe onde fica o inferno, nem mesmo se realmente existe. Mas, concorda-se que essa área de sofrimento está sob o comando de Lúcifer cuja tarefa é atormentar os vivos, tentando-os aospecados.
De repente um susto: o Papa Francisco afirma que o inferno não existe. Como ficaremos a partir de agora? Teríamos sido enganados pelos padres que, em tantas missas nos garantiram a condenação ao fogo eterno caso vivêssemos em pecado? E quanto às confissões nas quais buscávamos o perdão pelos nossos erros?
Eis que o Vaticano veio em socorro às nossas atribulações. Depressa o Vaticano desmentiu à falácia de que o santo padre teria negado o inferno. Fora nada mais que um desses “fake news” tão em moda. Assim, o nosso bom e velho mundo tornou à sua monótona rotina. Poderemos viver, cuidando para eliminarmos o erro e aguardar serenamente o momento da morte, quem sabe com a ida diretamente para o céu. Sem essa de purgatório e inferno nem pensar.
Na verdade pouco importa saber se o inferno existe ou não. Ele faz parte da nossa cultura, é um dos grandes ícones da civilização. Há que se reconhecer o gênio daquele que propôs a existência do sofrimento eterno. Dante que o diga.